Gaudium news > Inteligência Artificial, uma realidade?

Inteligência Artificial, uma realidade?

Durante a realização do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, entre os dias 16 e 20 de janeiro, um dos grandes temas presentes foi o ChatGPT, um chatbot de inteligência artificial capaz de produzir textos semelhantes à escrita humana. A ferramenta vem ganhando visibilidade desde o ano passado e alcançou um milhão de usuários em apenas cinco dias.

Chatbot

Redação (02/02/2023 14:55, Gaudium Press) Nós podemos pensar que a Inteligência Artificial é apenas uma ficção distante, lá no futuro, ou que nunca passará dos enredos de filmes distópicos. Grande engano. Essa realidade já faz parte da nossa vida, de forma tão sutil que nem nos damos conta, e isso tende a aumentar em uma velocidade opressora.

Em praticamente todos os livros ou filmes futuristas, por um lado, vemos um avanço extremo dos veículos, máquinas, robôs e computadores, mas, por outro lado, esses tremendos avanços sempre se dão em um cenário de destruição, como num pós-guerra.

Mesmo que as realidades apresentadas apontem para uma “sociedade perfeita” de um admirável mundo novo, veremos seres humanos escravizados, numa uniformização patética e numa vida desprovida de sentido. Carros voadores, hologramas, robôs multifuncionais, viagens interestelares, colônias espaciais e, ao redor, o caos, a natureza destruída e homens e mulheres vazios, quase sempre oprimidos e fugindo de perigos que eles mesmos criaram.

A quantos passos estamos dessa realidade? Poucos, eu diria. Muito poucos. E cada um de nós é responsável por isso. Somos adeptos da lei do menor esforço, ficamos extremamente satisfeitos com as coisas feitas para facilitar a nossa vida e nos dar mais tempo livre para não fazer nada.

Chatbot e Inteligência Artificial

Chatbot, a nomenclatura pode soar estranha para alguns, mas praticamente todas as pessoas já se relacionaram com um ou vários.

Um chatbot nada mais é do que um robô de conversa. Quase todas as empresas varejistas usam esta ferramenta de atendimento que, às vezes, serve também para a compra de produtos e pagamento de contas. Trata-se de um software de diretrizes pré-programadas que dá respostas para as perguntas básicas dos clientes, até que seja verificada a necessidade de um atendimento humano – isso quando ele não encerra abruptamente a conversa quando as perguntas feitas não estão na sua programação.

Eles estão em toda parte e podem ser divididos em dois tipos: aqueles baseados em regras e os que utilizam Inteligência Artificial – recurso que aumenta exponencialmente a capacidade de interação com os seres humanos, podendo travar diálogos com respostas bem elaboradas para diferentes tipos e níveis de perguntas.

Os chatbots baseados em regras, também conhecidos como “chatbots simples”, possuem uma programação prévia de palavras-chave, e respondem a partir da assimilação dos termos que as pessoas mais utilizam, sem fugir de um padrão pré-estabelecido.

Já os chatbots com Inteligência Artificial (chatbots avançados), funcionam de forma mais complexa. Eles acumulam os termos utilizados pelos usuários para aprendê-los e processá-los depois, expandindo o seu “conhecimento” e dando respostas mais aprimoradas, muitas vezes levando as pessoas a acreditarem que estão interagindo com outro ser humano.

Qual a diferença entre um chatbot e o chatGPT?

Nos últimos dias, várias notícias sobre o chatGPT ocuparam espaço nas mídias. Por se tratar de uma sigla, muitos podem nem ter se interessado em saber mais sobre o assunto, mas é algo bastante sério e até “ameaçador”, sobretudo para a área em que atuo: a escrita.

Enquanto um chatbot padrão – alguns até com nomes simpáticos dados pelas empresas proprietárias, numa tentativa de humanizar o atendimento feito por robôs – tem uma atuação limitada e está preparado para responder apenas a uma classe de perguntas, o ChatGPT, alimentado pela Inteligência Artificial, possui capacidade de diálogo e argumentação, podendo responder, de maneiras diferentes, exatamente sobre aquilo que lhe é perguntado ou sugerido, diferente do chatbot que só utiliza respostas-padrão definidas.

Uma das principais funções do chatGPT é escrever textos de maneira autônoma e expandir o próprio aprendizado a respeito da escrita. Alguns e-books sobre temas específicos têm sido escritos com a utilização dessa ferramenta, que podem criar partes mais técnicas do texto ou fazer a redação total, uma vez que a Inteligência Artificial é extremamente poderosa e detalhista no levantamento de informações técnicas sobre os mais variados assuntos.

Ferramenta é proibida na França

Além de escrever textos, o ChatGPT também é capaz de resolver problemas matemáticos, a verdadeira “salvação” para muitos alunos. Mas, ao que tudo indica, essa festa não irá tão longe. Na França, por exemplo, a universidade Sciences Po proibiu o seu uso e os alunos que transgredirem a norma poderão ser expulsos.

A direção da universidade explicou que a limitação do chatGPT apenas ao uso pedagógico supervisionado por um professor se deve ao fato de que, além de atrapalhar o desenvolvimento do aluno, a ferramenta poderá produzir trabalhos com forte teor de plágio e fraude, uma vez que ela se alimenta de conhecimentos disseminados na rede.

No mês passado, o departamento de Educação da cidade de Nova York também baniu a ferramenta em todos os dispositivos e redes escolares da região, com a justificativa de preocupação com impactos negativos no aprendizado dos alunos e com a segurança e precisão do conteúdo.

Como o sistema está em fase inicial, o acesso é muito fácil e gratuito, o que cria um grande problema para os professores, uma vez que muitos alunos poderão utilizar a ferramenta para responder questões e fazer trabalhos escolares sem precisar usar os próprios conhecimentos e a própria inteligência, usando apenas a “esperteza” de se valer de uma cola virtual sofisticada.

Como funciona o ChatGPT

Os criadores do chatGPT comemoraram a conquista de atingir um milhão de usuários em apenas cinco dias. A versatilidade do serviço e a qualidade dos resultados está revolucionando a Internet, o que angariou um investimento bilionário por parte da gigante Microsoft.

No entanto, a ampla gama de possibilidades oferecida pela nova ferramenta é vista também pelo risco de má utilização, além da substituição de seres humanos em diversos setores do mercado de trabalho que a inovação fatalmente provocará.

A Inteligência Artificial Generativa, tecnologia utilizada no chatGPT, pode “inventar” praticamente qualquer conteúdo imaginável sobre um tema sugerido e escrever em uma caixa de texto. O modelo é alimentado com exemplos de textos e aprende a fazer previsões da próxima palavra dentro de um conjunto inicial de palavras.

Outra técnica utilizada no ChatGPT chama-se “transformer”. Trata-se de um algoritmo de aprendizado de máquina, usado para processamento de linguagem natural. Esse algoritmo permite que o modelo “preste atenção”, ao mesmo tempo, a diferentes partes do texto escrito por uma pessoa, em vez de ler palavra por palavra, como nós fazemos, por isso, a sua capacidade de criação de textos poderá, muito em breve, superar a habilidade dos seres humanos nesta categoria, uma vez que a máquina pode aprender até mesmo os conceitos de subjetividade, frutos de nossos pensamentos.

Outras funcionalidades da IA

Os robôs com Inteligência Artificial também estão pintando quadros e produzindo obras de arte consideradas muito boas por especialistas, compondo músicas e, claro, nos guiando para todos os lugares aos quais nos dirigimos com nossos carros, através do GPS. É bem verdade que esses aplicativos às vezes nos levam por caminhos tortuosos, mas os seus desenvolvedores os aperfeiçoam cada vez mais.

A Inteligência Artificial é usada também para monitorar os nossos hábitos comportamentais e de compras. Basta assistir a um tipo de mídia duas ou três vezes e você passa a ser bombardeado com conteúdos semelhantes. Ou, apenas ao falar para alguém que está desejando comprar um par de tênis ou uma máquina de lavar, se o seu celular estiver próximo, tão logo você o utilize, começará a receber anúncios e propagandas dos produtos que você apenas mencionou em uma conversa informal.

Outra utilização é a criação e a disseminação de Fake News, que nos levam a ter preferências políticas, fazer escolhas, tomar decisões, investir dinheiro, comprar produtos, brigar com amigos. A Inteligência Artificial também pode ser utilizada com êxito, na programação de ações e táticas militares, ou seja, ela pode perfeitamente conduzir uma guerra.

E enquanto nós nos encantamos com essas novidades e facilitações, nos divertindo e matando o precioso tempo com nossos brinquedinhos virtuais, os Estados Unidos e a Comissão Europeia assinaram, no último dia 27 de janeiro, um acordo para acelerar e aprimorar o uso da IA para dar mais velocidade e eficiência a serviços e operações de setores como saúde, agricultura, rede elétrica, previsão climática e respostas a emergências. E outros países serão convidados para participar desse novo pacto.

Uma nova Arca de Noé

A menos que haja uma interferência vinda de uma esfera superior, esse parece ser um caminho sem volta, que nos levará para o futuro dos filmes de ficção. Com populações de diversos países assoladas pelos efeitos da guerra e pela fome, e pelo uso cada vez maior de entorpecentes – que cria um imenso contingente de pessoas sem perspectivas, em sua maioria jovens, que abandonam seus lares e vão viver nas ruas, em situação precária e insalubre – já começamos a fazer parte do cenário das histórias de ficção futurista.

A moeda física tende a ser extinta em breve, o que significa que, sem a utilização da tecnologia, não poderemos comprar, vender e nem mesmo receber nossos salários, que já se tornaram virtuais. Robôs tomam contas das montadoras e já estão sendo concebidos carros que se autoguiarão, de forma que os motoristas se converterão em passageiros. Cirurgias são feitas com a utilização da IA, muitas delas com o médico operando à distância, algumas vezes em um país ou até mesmo em um continente diferente do local onde se encontra o paciente.

Estamos entrando nessa nova realidade e não teremos como fugir dela, sobretudo as novas gerações, que já preferem a IA ao atendimento humano. As crianças que estão chegando, em pouco tempo, só conhecerão esse modo de vida. Relacionamentos amorosos com robôs já são realidade em algumas partes do mundo e, presume-se que, num futuro não muito distante, os bebês passem a ser gerados em laboratórios, em úteros artificiais, sem a participação de mães humanas. E os pets, que – como já escrevi aqui – ocupam hoje um papel de destaque em nossas vidas, também poderão ser substituídos, pois já estão sendo fabricados cães e gatos robôs, inteligentes, eficientes, “amorosos” que não precisam ser alimentados, não latem, não miam, não soltam pelos e não fazem sujeira em locais indevidos.

Podemos nos rebelar contra isso? Não usar? Protestar? A resposta para as três perguntas e para muitas outras na mesma linha é “provavelmente, não”. O que podemos é zelar bem pela única coisa que temos e que os robôs e a Inteligência Artificial jamais terão: as nossas almas. Eu acredito que, antes dessa realidade – temida por alguns e desejada por outros – se instalar completamente, teremos o grande e esperado retorno de Nosso Senhor Jesus Cristo.

E aqueles que queiram sobreviver ao desenvolvimento do homem híbrido – metade humano e metade robô – e à posterior e gradativa substituição da espécie humana pelas máquinas, podem se abrigar na “Arca de Noé”, deixada por Jesus antes de sua Ascensão: a Igreja. E ainda que ela deixe de ser o imenso navio projetado pelos patriarcas, ao menos um barco seguro, que pode abrigar as almas que optarem pela santidade, estará sempre à disposição. A condutora deste barco se chama Maria e Ela pode salvar aqueles que a Ela se confiarem da enorme destruição que está por vir, e virá, bem mais rápido do que possamos imaginar. Quem sobreviver verá.

Por Afonso Pessoa

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas