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“Independência ou morte!” dois séculos depois

O mês de setembro celebra várias festas litúrgicas e acontecimentos históricos; para nós brasileiros, a Independência. Poderá haver alguma relação entre o feriado civil e a liturgia deste mês?

Independencia ou morte

Foto: Domínio público/Pedro Américo – “Independência ou Morte”.

Redação (06/09/2023 12:00, Gaudium Press) Em setembro, o calendário litúrgico se preenche de comemorações importantes; ao mesmo tempo, o calendário civil é marcado pelo feriado da Independência de nosso Brasil, que completa dois séculos.

Podemos alinhavar todas estas celebrações sob um único enfoque?

Há duzentos anos…

Em primeiro lugar, consideremos a esfera civil. Há duzentos anos, as margens plácidas do Rio Ipiranga ecoaram o brado de um jovem príncipe de 23 anos: “Independência ou morte!”. Acolhido pela resposta da população local: “Viva o primeiro rei brasileiro!”

Aquele dia sete dividia o então “Reino Unido de Portugal, do Brasil e dos Algarves” em duas soberanias independentes.

Afinal, o filho, tão jovem e já tão grande – esse Brasil –, acreditava-se capaz de andar pelas próprias pernas prescindindo dos cuidados daquela mãe que o gerara na Fé; como se atingisse a maioridade e deixasse a casa paterna – Portugal.

De fato, o Brasil comportava um território muito maior que o de sua mãe europeia, e dela distava tanto, que os laços do afeto não constituíam um obstáculo à separação.

Certo autor hodierno comenta que o Brasil de 1822 tinha todos os elementos para fracassar como nação independente e soberana: dois terços dos brasileiros eram escravos, a população era pobre e carente de tudo, o analfabetismo era geral (apenas um décimo da população sabia ler e escrever), as rivalidades entre as diversas províncias prenunciavam uma guerra civil. Mas, no entanto, deu certo.[1]

Enfim, não nos detenhamos na narração das circunstâncias e dos acontecimentos históricos, mas consideremos o que eles nos dizem dois séculos depois.

Em trinta dias

Quais as diferenças entre o Brasil de outrora e o de hoje? O que aprontou essa gente de lá para cá?

São perguntas postas com facilidade, cujas respostas não cabem no âmbito de um curto artigo. Afinal, duzentas palavras não podem conter duzentos anos, mas quiçá trinta dias os possam simbolizar.

Dia 1º de setembro: Santa Beatriz, de família portuguesa e falecida em 1491 na Espanha (a menos de uma década do descobrimento do Brasil), parece representar os três séculos em que estas terras permaneceram sob colonização e evangelização lusas.

Dias depois, o “Natal” da Santíssima Virgem – no dia seguinte ao feriado – e a memória de suas dores – na sua oitava – parecem dizer-nos: “Brasil, desde que nasceste já és consagrado a Nossa Senhora, e só brilharás porque um Deus e sua mãe sofreram também por ti.”

Além disso, a festa da Exaltação da Santa Cruz corrobora o simbolismo, ao mencionar concretamente o primeiro nome de nossa terra.

Por fim, os três Arcanjos também se relacionam com a Independência. Lembram que aquele 7 de setembro de 1822 também marcou a realidade angélica. Enquanto as margens do Rio Ipiranga ecoavam um brado retumbante, as abóbadas celestes ecoavam uma conclamação, um Anjo recebia uma nova missão: “Dora em diante, custodiarás o Brasil!”

O apóstolo dos séculos futuros

A tantas “coincidências” cabe-nos uma resposta, e seria uma omissão não escutarmos o que nos diz esta data tão importante.

Se é verdade que o Brasil deixou a casa paterna, não o fez como um novo filho pródigo; o fez como um apóstolo que deixou terras e parentes para se fazer discípulo do Deus Crucificado.

No dia em que o Brasil nasceu, façamos de nossa pátria uma terra fértil onde os raios da graça possam fazer habitar, só dessa forma o verde e o amarelo de nossa bandeira brilharão diante de Deus e diante dos homens nos séculos futuros.

Por Fernando Mesquita


[1] Cf. GOMES, Laurentino. 1882. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

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