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Deus é uma Trindade!

A Encarnação do Verbo revelou aos homens um mistério reservado para a plenitude dos tempos: a existência de Três Pessoas na unidade divina.

Santissima Trindade Igreja Greco Catolica de Ropki Museu de Arquitetura Popular Sanok Polonia

Redação (12/06/2022 08:52, Gaudium Press) Tão sublime realidade transcende os critérios humanos, iluminando-se apenas pela fé: a única essência de Deus é o Pai que eternamente gera o Filho no conhecimento perfeito e pleno de Si mesmo, fazendo proceder o Espírito Santo da relação amorosa entre ambos.

Este conhecer e este amar divinos são infinitos, inseparáveis e completíssimos. Desse modo, cada uma das Três Pessoas é igual à própria essência divina, e Elas em nada dividem sua unidade perfeita, distinguindo-Se entre Si tão só pelas relações mútuas.

Por isso a vida trinitária não altera a cristalina simplicidade e unidade divinas, mas com ela se identifica. Pelo fato de gerar, somente à Primeira Pessoa cabe o título de Pai; pelo fato de ser gerado, somente a Segunda Pessoa merece ter por nome Filho ou Verbo; pelo fato de proceder de ambos, a Terceira Pessoa chama-Se Espírito Santo, encerrando esse circuito misterioso, esfuziante de luz e de glória que é a Trindade. Nenhuma outra diferença distingue os Três que são Um! E nisto consiste a vida plena de Deus.

O Pai

O Pai é o princípio de toda a deidade, segundo a expressão de Santo Agostinho. Ora, plenamente capaz de conhecer-Se, Ele seria “infeliz”, por assim dizer, se não explicitasse por completo a Si mesmo, pois não há perfeita felicidade quando a natureza não realiza aquilo que lhe é próprio.

Conhecendo-Se, o Pai exprime a Si mesmo por completo no seu eterno Verbo, o qual é tão perfeita Imagem do Pai (cf. Hb 1, 3) que erraria quem afirmasse que Eles constituem dois incomensuráveis, dois incriados e dois onipotentes. Pelo contrário, os Dois são um só incomensurável, um só incriado e um só onipotente, conforme nos ensina a antiga e poética profissão de fé atribuída a Santo Atanásio.

Então, o que diferencia o Pai do Filho se Eles são iguais em tudo?

O Filho

Apenas suas relações opostas: o Pai gera o Filho, e o Filho é gerado pelo Pai. Em uma palavra, o que define o Pai é gerar: ser a Pessoa Divina que sem interrupção, desde toda a eternidade e para toda a eternidade, está continuamente gerando o Filho, comunicando a plenitude de sua própria divina natureza, esgotando-Se por via intelectiva de maneira a não restar nada a dar de Si.

Essa propriedade do Pai, de ser Aquele que gera, indica um perpétuo comunicar-Se dentro da Trindade pelo fato de não proceder de nenhuma outra Pessoa Divina mas ser a origem das outras duas. Donde se pode dizer que o Pai, além de força infinita de Deus para conhecer-Se a Si mesmo, é também a aspiração de Deus de ser totalmente conhecido, de comunicar-Se.

Quanto ao Filho, São Tomás O define como “emanação intelectual” do Pai. Uma vez que, em Deus, o ser e o entender são idênticos à essência divina, do ato de inteligência do Pai é gerada a Segunda Pessoa, a qual tem por próprios os títulos de Filho e de Verbo.

Por essa razão, na primeira manifestação pública da Trindade aos homens, durante o Batismo de Jesus no Jordão, bem como no alto do monte da Transfiguração, o Pai quis Se manifestar pela voz, indicando que ali estava sua Palavra, seu Verbo, em quem Ele havia posto toda a sua complacência.

O Espírito Santo

O Espírito Santo, por sua vez, procede do relacionamento amoroso que se estabelece de imediato entre o Pai e Filho. Como o Pai conhece plenamente o Filho e o Filho conhece plenamente o Pai, e ambos são o Bem substancial, os Dois Se amam e dessa relação pura, sublime e afetuosa procede o Espírito Santo, que é o Amor Pessoal.

Em seu contínuo processo trinitário, chamado pelos teólogos de pericórese, o Deus Uno e Trino goza do auge infinito de toda bem-aventurança imaginável. As Três Pessoas encontram suas delícias nessa vida eterna que consiste em estar indissoluvelmente unidas, olhar-Se e querer-Se bem! Nada Lhes falta.

Deus é glorificado em suas obras

Todavia, como o bem é eminentemente difusivo e tem prazer em comunicar-se, a Trindade tomou a livre decisão de criar o universo, constituído de uma plêiade incontável de criaturas díspares e complementares, muitas das quais, como os Anjos, escapam ao conhecimento sensitivo dos homens.

Deus tudo fez com tanta grandeza, proporção e harmonia que, ao conceber cada ser, dotou-o de uma razão de existir, de um simbolismo e de uma finalidade. Nenhum, por menor que seja, foi criado a esmo. O conjunto da criação tem como fim supremo engrandecer seu Artífice, como reza o Salmo: “Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos” (18, 2).

O Criador quis comunicar sua bondade e seu encanto às obras de suas mãos. Entre elas, contudo, existe uma ordem estabelecida. Algumas, como dito acima, espelham-No de modo longínquo. São os denominados vestígios divinos, entre os quais se contam as criaturas irracionais: animais, vegetais e minerais. Outras, porém, chamadas a refleti-Lo de maneira mais perfeita, participam em algo de sua própria vida pela capacidade de conhecê-Lo e amá-Lo, assim como de acolhê-Lo em seu coração enquanto verdadeiros templos santos.

Estes são os seres inteligentes: os Anjos e os homens. Eis a hierarquia sublime da criação! No píncaro do universo, como ponto monárquico que lhe dá sentido e brilho, está Jesus Cristo, o Verbo Encarnado. Ele desponta como o mais belo entre os filhos dos homens, o Alfa e o Ômega, o arquétipo ideal que refulge acima dos Anjos, como ensina São Paulo: “Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda a criação.

N’Ele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, Dominações, Principados, Potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele. Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem n’Ele. Ele é a Cabeça do Corpo, da Igreja. Ele é o Princípio, o Primogênito dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas as coisas. Porque aprouve a Deus fazer habitar n’Ele toda a plenitude” (Col 1, 15-19).

A ponte entre o Rei dos reis e os demais homens

Deus e Homem verdadeiro, Jesus Cristo é causa exemplar, causa eficiente e causa final do universo. Enquanto Verbo, criou junto com o Pai e o Espírito Santo todas as coisas, inclusive sua excelsa humanidade, para manifestar sua infinita grandeza; como Homem, tornou-Se o modelo a partir do qual as outras criaturas foram feitas, a fim de desdobrar em mil facetas sua incomensurável beleza.

Apesar de estar unido à divindade no Filho, em sua humanidade Cristo reflete a perfeição das Três Pessoas. Quando o Apóstolo Filipe suplicou que lhes mostrasse o Pai, Ele respondeu: “Há tanto tempo estou convosco e não Me conheceste, Filipe! Aquele que Me viu, viu também o Pai” (Jo 14, 9).

Portanto, a humanidade de Nosso Senhor espelha em grau insuperável a riquíssima simplicidade de Deus, a unidade inefável das Três Pessoas idênticas em tudo, exceto nas relações que as distinguem.

No entanto, pela união hipostática na Pessoa do Verbo, Jesus tem apenas personalidade divina. E esse mistério altíssimo e impenetrável O coloca, por assim dizer, infinitamente acima dos outros homens, embora a todo direito seja um deles. Tal distância devia ser preenchida por um grau intermediário.

Com efeito, Deus governa todas as coisas com suavidade (cf. Sb 8, 1) e ordenou os seres criados segundo um matizado dégradé de perfeições, que os distingue de modo harmônico e favorece a comunicação da bondade divina de uns para com os outros.

Dada a grandeza insondável do Verbo Encarnado, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, convinha que uma criatura servisse de ponte entre sua imponente superioridade e os demais homens. Na mente divina tal criatura chama-se, desde toda a eternidade, Maria Santíssima! Por ser Mãe de Jesus, Ela está tão próxima do mistério da união hipostática que dele participa de modo relativo, embora tenha personalidade humana e não divina como seu Filho.

Ao mesmo tempo, porém, é simples criatura, ainda que a mais santa e mais pura. Nossa Senhora constitui, portanto, o segundo degrau na escala de perfeição da ordem racional, posta acima de todos os homens e, por força da sublime graça que A inabitou desde sua concepção imaculada, de todas as coortes dos Anjos.

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Texto extráido do livro Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens, v.2.

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