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Todo aborto é assassinato de um inocente!

Desconstruindo falsas narrativas…

ONG aborto

Redação (16/04/2022 16:32, Gaudium Press) Uma das falácias a ser desconstruída quando falamos sobre o aborto é a apresentação deste como um assunto estritamente de cunho religioso e relativo à moral católica; o que é um equívoco e, não poucas vezes, dificulta um saudável debate nos dias atuais.

Desse modo, é fundamental reconhecer que toda vida humana é um dom e carrega consigo elementos de unicidade, particularidade, merecendo por si, respeito e amparo –independente da existência de uma fé religiosa.

Segundo Leite & Kreibich (2019), cada indivíduo que vem ao mundo possui um modo próprio, exclusivo e carrega consigo uma marca pessoal, constituindo sua característica central. Sendo esta a singularidade de cada pessoa, torna-se inútil recorrer a textos ou argumentos religiosos para compreender que toda pessoa humana ao nascer traz consigo algo especial, um propósito, que pode ser descoberto, desenvolvido e gerar frutos para a sociedade.

Aquelas vidas que já descobriram seu propósito – neste caso nós, enquanto agentes individuais e sociedade organizada – deveríamos lançar mão de todos os recursos possíveis para acolher as novas vidas humanas, principalmente durante o início de sua existência. Garantir amparo, proporcionar afeto e assegurar uma espera feliz é uma tarefa que denota gratidão.

Enquanto Igreja Católica, a CNBB, desde de novembro de 1999, consagrou o dia 08 de outubro, como o Dia Nacional do Nascituro, relembrando-nos da missão de, enquanto sociedade, não fracassarmos em nosso dever de promover e cuidar da vida, principalmente em seu início, fase em que mais cuidados são imprescindíveis.

Uma temática tão complexa como a concretização do aborto não pode ser abordada de modo superficial ou parcial, mas, requer aprofundamentos e esclarecimentos filosóficos e éticos

A necessidade de fazer perguntas importantes

De acordo com Martins (2018), um dos maiores juristas e constitucionalistas brasileiros, deve-se analisar bem uma premissa muito conhecida: a de que a mulher é dona do seu corpo e, por isso, pode arbitrar livremente sobre o mesmo!

Esta expressão, que se tornou um clichê nos dias atuais, é um argumento contrário à biologia, pois, no momento da concepção, todo o corpo da mulher passa a ser dirigido pelo zigoto, que impõe suas regras naturais até o nascimento, ou seja, desde a concepção, este novo ser possui o mesmo direito à vida, que sua mãe já desfruta.

O mesmo Martins (2018) conclui que, quando uma sociedade avança perigosamente em seu nível de egoísmo, o hedonismo como forma de vida converte-se em regra e projeto de vida. Tudo passa a ser relativizado!

Também, quando as mídias sociais propagam e estimulam a busca por um gozo crescente, constante e ilimitado, muito facilmente perde-se o sentido de família, e o respeito à vida humana torna-se obsoleto, relegado a segundo ou terceiro plano.

Encontramo-nos diante do silencioso, organizado e crescente aumento da “naturalização e normalização” de práticas abortivas na Europa, nos últimos anos na Argentina, e demais países da América Latina, dentre eles a Colômbia, que há poucos dias, mediante o tribunal constitucional (equivalente ao nosso STF) descriminalizou o aborto até o sexto mês de gestação. Que triste! Perante este ato criminoso contra um inocente indefeso, poderíamos fazer, no mínimo, quatro questionamentos importantes:

1) Por que há tantos grupos (ONGS) defendendo o meio ambiente, a preservação da natureza, enquanto o ser humano, presente no ventre de uma mulher, totalmente indefeso, é alvo de tanto descaso e ódio?

2) Por que, não poucas vezes, estes mesmos ativistas, ecologistas, ambientalistas, esquerdistas, progressistas, que defendem com tanta paixão os direitos de uma árvore, de uma floresta inteira, das tartarugas marinhas, do mico-leão-dourado, e de outros animais, conseguem, ao mesmo tempo, ser os maiores arautos da legalização do assassinato intrauterino? Por que o duplo padrão de conduta? Por que proteger uns e aniquilar a vida humana?

3) Por que são tão graves as práticas de desmatamento, enquanto o aborto, que é o assassinato de um inocente, parece algo tão pequeno, banal, naturalizado e sem grande relevância? Será que a espécie humana não corre risco de ser extinta?

4) Se é tão grave, por exemplo, destruir ovos de tartarugas marinhas no litoral do Sergipe, por que não possui a mesma gravidade ceifar a vida de uma criança indefesa no ventre materno, que nada pode fazer para defender-se?

Muitos outros questionamentos, talvez até mais relevantes, podem ser levantados, para que se torne possível um saudável debate envolvendo a problemática da interrupção de uma gravidez.

Contemplando e aprendendo a fazer perguntas com e como Jesus!

 A respeito deste tema “defesa da vida em seus primórdios”, recorramos ao exemplo do Mestre dos mestres, que, sem apelar para sua autoridade divina, sempre se portou como um verdadeiro filósofo, e que, diante de situações difíceis, soube oferecer respostas que ainda hoje calam e falam no profundo no coração de toda pessoa de boa vontade.

Particularmente, encanta-me a atitude de Jesus, que, frente a alguns questionamentos, que, sutilmente ou declaradamente pretendia colocá-lo em contradição, sempre costumava devolver a indagação, tornando os interpeladores em interpelados. Vejamos algumas destas estratégias de Jesus, registrada no livro dos Evangelhos canônicos.

1)    Certa vez, quando Jesus expulsava os vendilhões do templo, os sacerdotes e anciãos do povo raivosamente perguntaram-lhe: “Com que autoridade fazes estas coisas?” (Mt 21,23). Ao invés de responder imediatamente tal interrogação, Jesus devolveu-lhes a seguinte pergunta: “O batismo de João de onde era: do Céu ou dos homens?” (Mt 21,25). Eles pensaram entre si: “Se respondermos do Céu, ele nos dirá: Por não crestes nele? Se respondermos dos homens, temos medo da multidão, pois todos consideravam João como profeta”. Assim, responderam a Jesus: “Não sabemos”. Ao que ele também respondeu: “Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas ” (Mt 21,25-27).

2)   Em outra ocasião, certas lideranças perguntaram a Jesus sobre a licitude ou ilicitude de se pagar o tributo a César.

Vendo a maldade velada da pergunta (Mt 22,15), também não lhes respondeu imediatamente, apenas fez-lhes a seguinte pergunta: “De quem é esta imagem e esta inscrição? Os interrogadores, agora, interrogados, responderam: De César. Utilizando-se da resposta deles, Jesus declarou: Devolvei, pois, o que é de César a César, e o que é de Deus, a Deus ” (Mt 22,21).

3)   Certo dia, apresentaram-lhe uma mulher surpreendida em flagrante adultério e perguntaram-lhe, para pô-lo à prova e acusá-lo (Jo 8,6), se deveriam ou não apedrejar, conforme prescrito na Lei de Moisés. Jesus, mais uma vez, não respondeu logo, simplesmente afastou-se um pouco, inclinou-se e começou a escrever com o dedo na terra.

Este gesto de Jesus denotava que Ele não estava muito interessado em responder tal indagação, mas, como insistiram veementemente, Ele se levantou e perguntou: “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra! ” (Jo 8,7). Esta interpelação do Divino Mestre fez com que os acusadores passassem à condição de acusados e de julgadores a julgados.

Tais indivíduos, sentindo-se, então, julgados e condenados por eles mesmos, saíram um após o outro, começando pelos mais velhos (Jo 8,9). Como não se encantar e se inspirar pela pessoa e atitude de Jesus, o Mestre Divino de Nazaré?

Mudam-se os tempos, mas o ser humano permanece o mesmo!

 Estabelecer um diálogo sério e produtivo sobre a temática da defesa da vida e da consequente desaprovação de toda e qualquer prática de morte – que, em poucas e diretas palavras, será sempre o assassinato de um ser humano frágil e indefeso – cada dia mais, tem se tornado difícil, pois, instituições internacionais, grupos nacionais, indivíduos vinculados a tais organizações ou voluntários desprovidos de conhecimento são militantes abortistas e, não poucas vezes, intolerantes.

Através das novas formas de comunicação social, cresce o número de desinformação, duplicam-se meias verdades, aumenta-se exponencialmente o “número de especialistas”, banalizando-se o entendimento do valor e da dignidade do ser humano que jaz vivo em um útero.

Frente a este impasse, nós católicos, enquanto instituição eclesial, ou como entes privados, devemos ser defensores da vida, contrários ao aborto, e termos coragem de fazer algumas perguntas incômodas a estes indivíduos e grupos abortistas, que seguem ganhando espaço, força e notoriedade.

A meu ver, algumas indagações devem ser feitas àqueles que defendem a interrupção de uma vida intrauterina. Proponho a você, estimado leitor, um caso real, que infelizmente ocorre com muita frequência, e o que poderíamos argumentar frente a este mesmo ocorrido. Acompanhe-nos, por favor:

1)    O que e como agir diante de uma jovem, menor de idade, vítima de estupro? Esta jovem deve ser obrigada a ser mãe de uma criança que ela não desejou?

Este caso complexo, triste com certeza, pode nos fazer pensar e despertar em nós as seguintes considerações:

a) Mãe, esta jovem já é, pois o seu psiquismo e fatores biológicos já estão atuando nos moldes da maternidade!

b) Podemos perguntar aos que estão estimulando a jovem ao aborto, se é menos agressivo para a jovem ser mãe de uma criança viva ou morta?

c) Também podemos nos perguntar se é justo tirar a vida do bebê em benefício da mãe?

d) Qual será na verdade o benefício que esta jovem irá receber, caso venha a abortar?

e) Por que a vida do bebê, no ventre materno, é menos importante do que a vida da jovem mãe?

f) Nesta situação, quem é o mais indefeso, a mãe que foi violentada ou o feto que está prestes a ser morto?

g) Por que o agressor, neste caso o que cometeu estupro, nem sequer figura como alguém que deveria ser punido por tal ato repulsivo?

h) E o Estado, ao qual pagamos impostos que são revertidos às forças de segurança para nossa proteção, não deveriam ser responsabilizados pelo estupro de uma jovem?

j) Por que o bebê, que já é um ser humano, que nem sequer foi consultado, torna-se o grande vilão da história?

i) Por que o mais inocente e vulnerável é punido com a pena de morte?

m) Por que não garantir à jovem a possibilidade de levar a gestação adiante, e após o nascimento, ela, com mais tranquilidade e razão, decida por si mesma, se quer permanecer com a criança ou encaminhá-la para a adoção?

Essas e outras perguntas, tipicamente racionais, deveriam ser elencadas para que um diálogo transparente e honesto sobre o tema do aborto fosse compreendido em suas várias nuances e variáveis. Como bem sabemos, este tema é difícil, amplo e longo. Não sendo possível nem pertinente nos alongar, encaminhamo-nos para as questões finais.

Incentivar o aborto ou preservar a vida

Diante de um tema tão difícil, como é o do assassinato de um inocente (aborto), antes de tudo, precisamos interrogar, filosofar, fazer uso da racionalidade, autoanalisar-se e desenvolver premissas mais abarcativas, isenta de ideologias e amplas.

Algo que também precisa acompanhar este debate deveria ser o não apelo para argumentos subjetivistas, retóricos, sempre ancorados na emotividade, que geralmente atrai atenção e comoção, mas que retira da discussão a realidade objetiva.

Uma vez que iniciamos e apresentamos algumas perguntas incômodas aos defensores do aborto, também encerraremos este breve artigo com os seguintes questionamentos:

1)    Se práticas de aborto pertencem à esfera da saúde pública, isto significa que a gravidez é uma enfermidade?

2)   Até que ponto praticar aborto é algo estritamente pessoal, cabendo unicamente à mãe decidir pelo assassinato de um inocente?

3)   Por que será que apenas os não abortados têm tanto interesse nessa problemática? Ou seja, apenas nós, viventes que não fomos vítimas de aborto, podemos promover e incentivar abortos?

4)   Se cada um de nós, não abortados, recebemos cuidados e proteção quando éramos extremamente vulneráveis, por que não podemos cercar de carinho e proteção os recém-concebidos?

Estas e outras questões racionalmente nos conduz à afirmação de que a vida deve ser preservada desde a concepção até o seu ocaso natural.

Muito obrigado pela leitura!

Por Pe. Arilço Chaves Nantes

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