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Dia de finados: rezar pelos mortos ou pelos vivos?

Quantas almas mortas ocupam corpos ainda vivos no mundo de hoje? Não deveríamos rezar também por elas neste dia de finados?

cemiterio

Redação (02/11/2021 09:46, Gaudium Press) Os produtos descartáveis foram inventados e fabricados pelo homem para trazer inúmeras facilidades de ordem prática, econômica, etc. Hoje em dia, porém, todo o mundo está farto de saber – talvez não com esse nome – que os produtos eletrônicos possuem uma “obsolescência programada”, o que significa dizer que sua vida útil tem uma data pré-determinada para deixar de funcionar, para se tornarem obsoletos, e, portanto, para “morrer”…

Pois bem, depois que um aparelho digital “morre”, o que se deve fazer? Resposta automática: jogar fora e comprar um novo, melhor e mais recente. Se não há meio de ressuscitá-lo, descarte-o e esqueça-se dele!

Deus não criou almas descartáveis

Num outro sentido, entretanto, os produtos que vieram para facilitar a vida do homem acabaram por dificultar a capacidade do homem em compreender as realidades sobrenaturais, formando o que poderíamos chamar de “mentalidade descartável”.

Essa mentalidade penetrou nas concepções que o homem contemporâneo faz de si mesmo, de sua vida, de sua finalidade, de sua morte e do que acontecerá depois que seu corpo frio e enrijecido estiver deitado debaixo da terra.

Será que Deus tem um destino (a palavra é imprópria; entenda-se vocação, chamado) para cada um? Será que Ele criou cada um à semelhança de uma fábrica de copos plásticos, de maneira que depois de sentir-se servido (ou não) deles descarta-os todos sem a mínima misericórdia ou recompensa pelos méritos? Para onde vão as almas depois que se separam dos corpos? Céu? Inferno? Que utilidade elas têm para Deus?

Por que a Igreja celebra o dia dos fiéis defuntos?

No dia dos fiéis defuntos, a Igreja Militante oferece as orações por aquelas almas que, morrendo na graça de Deus e em amizade com Ele, tiveram que se purificar de suas faltas, mudar critérios próprios, visualizações erradas e mentalidades deformadas que as impediriam de ver as perfeições de Deus no Céu. Estas almas, no dia do juízo particular, após terem visto com clareza as próprias misérias e defeitos, receberam de Nosso Senhor a sentença de se purificarem temporariamente nas chamas do Purgatório. Lá, elas recebem nossas orações para terem seus sofrimentos amenizados, ou mitigado o tempo de padecimentos.

 Rezemos também pelos que vivem na morte…

Cuidar da alma, para muitos, pode parecer uma perda de tempo. Afinal, não tem finalidade prática nenhuma…

Deixando-se levar pela ideia de que a vida se resume em um constante fazer e obrar para conquistar lucro, prazer e sucessos mundanos, um pragmático de mentalidade descartável não terá e, menos ainda, pedirá forças a Deus para manter sua alma em estado de graça.

Sua pobre alma não tem condições de manter-se viva quando imersa no pecado, pois o pecado é a morte da alma.

Quantas almas mortas ocupam corpos ainda vivos no mundo de hoje? Não deveríamos por isso rezar também por elas neste dia de finados? Para ser mais objetivo e claro: não devemos hoje rezar pela humanidade? Não está ela, de um modo geral, descuidando de sua “própria alma”?

Os únicos que podem descartar a própria vida e a própria alma são os homens. Deus nos ama com amor divino e não deseja que nenhum de nós se condene. Até o último segundo de nossa vida terrena Ele estará nos chamando, disposto a nos perdoar.

Até quando estaremos neste mundo? Quando Deus nos chamará? Não sabemos. Certo é que existe uma verdadeira “vida útil”: é a vida da alma.

Por Cícero Leite

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