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São Patrício, padroeiro da Irlanda

A Ilha da Irlanda estava cercada por uma corrente de demônios para impedir a entrada de São Patrício. Mas, fazendo um Sinal da Cruz, o varão de Deus os expulsou e pôde evangelizar aquele país.

Sao Patricio padroeiro da Irlanda

Redação (17/03/2022 08:53, Gaudium Press) São Patrício nasceu em 377 numa vila de uma colônia romana da Escócia, da qual seu pai era conselheiro. Recebeu formação católica e, por ser de uma família aristocrata ligada aos romanos, sua instrução foi em língua latina.

Tendo 16 anos de idade, bárbaros o raptaram e o levaram para a Hibérnia – atual Irlanda –, onde foi vendido como escravo e tornou-se pastor de ovelhas; na solidão dos prados verdejantes chorou seus pecados, e passou a ter uma vida de intensa oração.

Dr. Plinio Corrêa de Oliveira comenta: “Imaginemos a bonita cena: São Patrício, pequeno, mas já com fisionomia de santo, pastorzinho pobre e humilde, rezando sobre a relva esplendidamente verde da Irlanda, e os animais fazendo círculo em torno dele, para protegê-lo ou a contemplá-lo.

“Cenas semelhantes eram comuns na hagiografia da Idade Média, constituindo fioretti – florzinhas – servindo para iluminuras, vitrais de catedral, etc. A história e a fantasia nelas se reúnem para a realização de um aspecto magnífico do poder da oração, bem como da candura, da inocência, quando fortalecida por carismas vindos de Deus.” [1]

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Seus pais foram degolados por bárbaros

Transcorridos seis anos, ouviu a voz de um Anjo que lhe recomendava a fuga. Ele conseguiu tomar um navio provavelmente de piratas, o qual quase naufragou e acabou ancorando numa terra desabitada.

Depois de caminharem durante 27 dias, afligidos pela fome, o comandante da embarcação disse a São Patrício:
– Sois cristão; reze para que teu Deus venha em nosso auxílio.
– Convertei-vos e Deus vos salvará, afirmou o Santo.

Tendo eles curvado suas cabeças em sinal de assentimento, apareceu nas proximidades grande número de javalis, que lhes serviram de alimento. Todos se converteram à Religião Católica e, levando boa quantidade de carnes daqueles animais, retomaram a viagem e chegaram à Escócia.

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São Patrício encontrou seus pais, que resolveram viajar para a Armórica – Noroeste da França – e o levaram consigo. Assim que desembarcaram, bárbaros que ali habitavam degolaram seus progenitores, e ele foi vendido como escravo.

Algum tempo depois, uma família católica o comprou e lhe deu liberdade. Caminhando por diversas regiões, ele chegou ao Mosteiro de Marmoutier, nos arredores de Tours – centro-oeste da França, às margens do Loire –, onde foi admitido como religioso e se distinguiu por sua piedade.

E como sempre sentira que sua vocação consistia em converter a Irlanda, partiu para lá a fim de evangelizá-la. Mas tais foram as dificuldades permitidas pela Providência para prová-lo, que os habitantes o receberam como inimigo e ele precisou fugir.

Voltou para a Gália e permaneceu durante alguns anos no famoso Mosteiro de Lérins, situado nas proximidades da atual Costa Azul. Em seguida foi para Auxèrre – centro-leste da França –, cujo prelado, São Germano, o enviou a Roma, onde o Papa São Sisto III o sagrou bispo e lhe ordenou que fosse evangelizar a Irlanda.

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Expulsou os demônios que cercavam a Irlanda

Quando de sua chegada a esse país, em 433, os demônios fizeram um círculo em torno de toda ilha para lhe barrarem a passagem. São Patrício levantou a mão direita, fez o sinal da cruz, expulsou todos os espíritos malignos e passou adiante.

Logo depois, derrubou o ídolo do sol ao qual as crianças, como ao antigo Moloch, eram oferecidas em sacrifício. E com seu bastão enxotou as serpentes que lá havia.

Com admirável coragem dirigiu-se à assembleia geral dos chefes guerreiros da Hibérnia, que eram idólatras, e ali pregou Nosso Senhor Jesus Cristo. O filho do monarca principal ameaçou-o de morte, mas vários chefes se converteram e lhe concederam terras, nas quais edificou mosteiros e conventos que abrigaram, depois, diversos rapazes e moças pertencentes à nobreza.

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Conversões de famílias reais

Continua Dr. Plinio: “Imaginemos como seria bonita, em meio à natureza suave da Irlanda, uma assembleia geral de guerreiros para deliberar a respeito das coisas da nação.

“Os guerreiros eram os nobres que compareciam a essas assembleias, revestidos de suas armas. E quando havia dificuldades nas votações, brigavam entre si utilizando essas armas. Era regime de barbárie.

“Às assembleias comparecia também o colégio dos druidas, sacerdotes pagãos da Gália e da Irlanda, que pertenciam, então, à mesma raça.

“Ali se apresentou São Patrício, que atacou de frente o centro religioso e político da nação. Perante todos os seus inimigos agrupados, pregou ele a Fé. Que destemor! Nada de meias medidas, de panos quentes, de recuos; ele era um santo e tinha o poder dos santos.

“A partir desse momento, as maravilhas se sucederam com rapidez. Houve conversões de famílias reais inteiras. […]

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“Naturalmente, ‘famílias reais’ significam federações de tribos. Não podemos pensar, por exemplo, em princesas como as filhas de Luís XV pintadas por Nattier, mas em nossa Paraguaçu – índia tupinambá, esposa de Diogo Álvares Correia (Caramuru). As ‘princesas reais’ de então eram umas Paraguaçus louras, mas autênticas Paraguaçus.

“Enfim, devemos imaginar a selvageria dessas hordas e São Patrício dizendo-lhes todas as verdades. Ele desperta admiração; os guerreiros começam a ficar pensativos, depois contritos, as mulheres a mudar de atitude. Famílias reais inteiras são batizadas, seguidas das respectivas tribos. Que cena linda!”

Após ter cristianizado a Irlanda, São Patrício entregou sua bela alma a Deus, em 461, no Condado de Down, Irlanda do Norte; tinha 83 anos de idade. Ele fez com que as serpentes desaparecessem da Irlanda; por essa razão, em muitas imagens é representado esmagando esses animais com um cajado.

Tornou-se o patrono do país, juntamente com São Columba (521-597) e Santa Brígida de Kildare (453 – 524).

Por Paulo Francisco Martos

[1] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. São Patrício. In revista Dr. Plinio. São Paulo. Ano XIII, n. 144 (março 2010), p. 11.

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