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Qual é o pior inimigo do Amor?

 Prendem-se às coisas materiais, concretas, humanas. Gostam do meio-termo, andam contentes consigo mesmos, consideram qualquer avanço na virtude um exagero.

Virgens prudentes e virgens nescias

Redação (27/08/2021 11:58, Gaudium Press) Ao contemplar qualquer forma de grandeza, a alma reta se enche de uma admiração que resulta em desejo de entrega, pois o amor autêntico é, de si, generoso.

Ora, tudo quanto existe de verdadeiramente grande remete ao Deus Criador, e a estratégia do demônio para impedir o homem de seguir este caminho consiste em apresentar-lhe como regra universal para todas as coisas a banalidade, comumente denominada mediocridade.

Pelo pavor que sentem perante qualquer extremo, os espíritos medíocres têm fobia de toda excelência. Pretendem ser nem bons nem maus, e julgam ser corretos apenas por dançar no meio, entre o vício e a virtude.

Esta mentalidade de mediania, que se apresenta sob as aparências de moderação e equilíbrio, é uma forma especialmente vil de negar a Deus o amor que Lhe devemos, pois no fundo O acusa de ser grande demais.

Falta de fervor

Como um “leão que ruge, buscando a quem devorar” (I Pd 5, 8), o demônio se adapta a cada pessoa, procurando o modo mais eficaz de perdê-la. Note-se que ele não se lança sobre alguns enquanto deixa outros escaparem, mas escolhe os meios mais adequados para abocanhar a cada um.

Ora, o medíocre é aquele a quem o inimigo infernal conseguiu arrancar o fervor; não se trata, pois, de alguém que pratica o Primeiro Mandamento somente a meias: sob pretexto de “moderação”, ele se nega a cumpri-lo por completo.

Com efeito, São Francisco de Sales ensinava que a medida de amar a Deus consiste em amá-Lo sem medidas, pois Ele mesmo nos ordenou: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças” (Dt 6, 5), e não apenas de meio coração, meia alma e metade das forças…

Disfarça a maldade

Isto explica o ódio superlativo de Deus à mediocridade. De fato, a sentença ditada pelo Supremo Juiz contra os mornos é apresentada como mais grave do que aquela reservada aos maus declarados: “Não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te!” (Ap 3, 15-16).

A que se deve esta severidade? Ao fato de o medíocre ter isto de pior: pretende disfarçar sua maldade sob os véus de uma bondade falaz, porque feita de mediania.

De uma mediania baseada na convicção de que todo bem se caracteriza pela mediocridade, e de que, portanto, em última análise, Deus deve ser medíocre. Estas almas certamente se espantarão com sua própria condenação, mas irão para um inferno nada medíocre…

Contrariamente à opinião dos medíocres, mais gente se condena pela mediocridade do que por maldade declarada, pois o vício não precisa ser notório para ser real.

Os medíocres pensam conseguir enganar a Deus, como Caim, que queimou frutos podres e ainda “ficou extremamente irritado” (Gn 4, 5) porque o Senhor não olhou para ele nem para seu sacrifício.

Assim é todo medíocre, na véspera de se tornar assassino como Caim: faz parte do filão dos criminosos que chega até o Anticristo, passando por Judas e Barrabás.

Portanto, o pior inimigo do Amor é… o meio-amor.

Texto extraído, com pequenas adaptações, da Revista Arautos do Evangelho, n.191, novembro 2017.

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