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Batalha de Ponte Mílvia

Houve uma vez um Chefe de Estado que quis derrotar os adversários do Cristianismo. Empenhou uma grande batalha e deveu sua vitória à Cruz.  Este chefe se chamou Constantino. Não foi ele que deu vitória à Cruz, mas foi a Cruz que o fez vencer.

“Houve uma vez um Chefe de Estado que quis derrotar os adversários do Cristianismo. Empenhou uma grande batalha e deveu sua vitória à Cruz.  Este chefe se chamou Constantino. Não foi ele que deu vitória à Cruz, mas foi a Cruz que o fez vencer.”

 

Redação (12/01/2021, Gaudium Press) Durante o reinado de Diocleciano (284-305), feroz perseguidor da Santa Igreja, estabeleceu-se uma tetrarquia no Império Romano, ou seja, foi dividido em quatro governos.

Olhos de leão, nariz de águia

Um dos tetrarcas chamava-se Constâncio Cloro que, tendo se casado com Santa Helena, tornou-se favorável ao Cristianismo. Tiveram um filho o qual marcou a História por ter dado liberdade à Igreja Católica; chamava-se Constantino.
Um autor dessa época assim o descreveu: “olhos de leão, nariz de águia, lábios finos indicando que o hábito do comando é temperado por uma singular expressão de benevolência, corpo elegante e bem proporcionado”.

Com a morte de Constâncio Cloro, a região do Império que ele governava passou para as mãos de Constantino, o qual se casou com Fausta, filha de Maximiano Hércules, imperador que reinava em territórios da Itália.

Certa ocasião, Maxêncio, irmão de Fausta, invadiu Roma, proclamou-se imperador e instituiu um regime de terror: corroído pela sensualidade, praticou nefandos atos desonrando famílias patrícias; mandou degolar os senadores que se lhe opunham e confiscou seus bens.

Havia três anos que os romanos sofriam esses e outros horrores. Resolveram, então, através de emissários, pedir a Constantino que os livrasse dessa tirania.

Com este sinal vencerás!

Constantino percorreu as regiões de seu império, que hoje corresponderiam à França, Espanha, Inglaterra, a fim de recrutar soldados, sendo sempre acolhido com entusiasmo pela população.
Tendo conhecimento desses fatos, Maxêncio mandou que fossem abertos à espada os ventres das mulheres grávidas, e se procurasse “ler” nas entranhas das crianças os oráculos dos deuses. Além disso, ele invocava os demônios para saber o que sucederia.

Determinado dia, Constantino, que se encontrava com seu exército nas proximidades de Turim – marchando em direção a Roma –, viu no céu uma Cruz luminosa em torno da qual estavam escritas estas palavras: In hoc signo vinces – Com este sinal vencerás! Todos os que o acompanhavam também viram a cruz.

E à noite, durante o sono, Nosso Senhor Jesus Cristo lhe apareceu portando uma Cruz, igual à que ele tinha visto no dia precedente, e lhe ordenou reproduzi-la no seu lábaro a fim de obter a vitória. Constantino obedeceu e, sob sua orientação, artistas pintaram uma cruz em seu estandarte, ornada com ouro e pedras preciosas; nele foi também bordado o monograma de Cristo, no idioma grego: um X encimado por um P.

Não foi Constantino que deu vitória à Cruz

O exército de Constantino compunha-se de 40.000 homens – gauleses, germanos e bretões –, e o de Maxêncio possuía 178.000. Junto à Ponte Mílvia, que atravessa o Rio Tibre e, certamente reconstruída, existe até hoje, travou-se o cerne da luta.

Após obterem alguns sucessos, os soldados de Maxêncio entraram em grande confusão, porque ficaram sabendo que o tirano não estava participando da batalha; acusavam-no de traição.
Tendo consultado um livro de sibila, Maxêncio julgou que seria vitorioso. Dirigiu-se, então, à Ponte Mílvia, a qual, sobrecarregada de gente, começou a tremer. Todos encetaram a fuga, e o tirano, tentando abrir caminho no meio da multidão, foi lançado no Rio Tibre e morreu afogado.

A respeito dessa espetacular vitória de Constantino, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu:
“Houve uma vez um Chefe de Estado que quis derrotar os adversários do Cristianismo. Empenhou uma grande batalha e deveu sua vitória à Cruz, insígnia da civilização cristã, que protegeu suas armas. Este chefe se chamou Constantino. Não foi ele que deu vitória à Cruz, mas foi a Cruz que o fez vencer.”

Edito de Milão

Depois da batalha, Constantino ordenou que a Cruz fosse gravada em seu capacete de guerra. No dia seguinte, a cabeça de Maxêncio, espetada numa lança, foi conduzida pelas ruas de Roma.

Constantino permaneceu nessa cidade durante dois meses. Doou ao Papa São Melquíades seu grande palácio, que pertencera à nobre família dos Laterani, e se tornou a Basílica de São João de Latrão, Catedral de Roma.

Para comemorar a vitória, o Senado ordenou fosse edificado em Roma um monumento que recebeu o título de “Arco de Constantino”, situado entre o Coliseu e o Monte Palatino, no qual há inscrições indicando que a vitória de Constantino, na Batalha de Ponte Mílvia, deveu-se à intervenção divina. O Arco do Triunfo, de Paris – construído no início do século XIX –, é inspirado no Arco de Constantino.

Em 313, realizou-se em Milão o casamento de Licínio, Imperador do Oriente, com uma irmã de Constantino. Nessa ocasião, ambos os imperadores assinaram o Edito de Milão, o qual outorgava plena liberdade à Igreja Católica, e ordenava fossem devolvidos aos cristãos os lugares de culto e as propriedades que lhes tinham sido confiscadas. Mas o paganismo não era cerceado.

Em Adrianópolis, uma das maiores batalhas do século IV

Algum tempo depois, Licínio, desrespeitando o próprio Edito que assinara, desencadeou uma sangrenta perseguição contra os cristãos nos seus domínios orientais.

Por isso Constantino, em 324, investiu contra ele e em Adrianópolis – cidade da atual Turquia – os dois se enfrentaram. Foi uma luta tremenda: o exército de Licínio se compunha de 165.000 homens e o de Constantino, 130.000. A vitória foi de Constantino; 34.000 soldados de Licínio morreram, mas ele mesmo conseguiu fugir. Essa foi uma das maiores batalhas do século IV.

Recordemo-nos que os estandartes do exército de Constantino estavam marcados com a Cruz, de sorte que se pode afirmar ter sido um trinfo da Igreja Católica contra o paganismo.

Houve ainda outros enfrentamentos entre os dois imperadores, como a Batalha de Crisópolis – localidade próxima da atual Istambul, capital da Turquia –, nos quais Constantino foi vitorioso. Até que um dia, sabendo que Licínio, além de outras deslealdades, convocara bárbaros para seu exército, Constantino mandou decapitá-lo por alta traição e passou a reinar sobre todo o Império.

Por Paulo Francisco Martos

(in “Noções de História da Igreja” – 37)

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1- DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris : Louis Vivès. 1876, v. IX, p. 7.
2- Cf. SÃO JOÃO BOSCO. História Eclesiástica. 6 ed. São Paulo: Salesiana, 1960, p. 87.

3- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. In Legionário. São Paulo, 2-2-1936.
4- Cf. DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires. São Paulo: Quadrante. 1988, p. 405.
5- Cf.; SÃO JOÃO BOSCO. História Eclesiástica. 6 ed. São Paulo: Salesiana, 1960, p. 87-89; DARRAS, Joseph Epiphane. Op. cit., v. IX, p. 7-56.

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