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Mosteiros não são prisões; votos não são algemas

Há quem diga que os votos religiosos são uma “escravidão degradante”. De fato, não são os votos religiosos contrários à liberdade evangélica?

Claustro Monasterio Santa Teresa de Jesus

Redação (02/10/2020 18:14, Gaudium Press) Mosteiros não são prisões; conventos não são campos de concentração; votos religiosos não são algemas; religiosos não são condenados perpétuos nem prisioneiros de guerra!

Liberdade? Escravidão?

Se alguém pensa que um religioso não é livre ou não é feliz simplesmente pelo fato de viver em clausura e submetido aos votos de pobreza, castidade e obediência, comunga das mesmas ideias que Lutero.

Nos livros “Votos Monásticos” e “O Estado Clerical”, Martinho Lutero alega que “os votos eram uma escravidão degradante”. Conway, entretanto, discorda desta opinião. Diz ele:

“Não. Os votos não são uma escravidão degradante.

“Quem os faz sabe muito bem que os não poderá cumprir sem grande sacrifício; mas abraça-o voluntária e generosamente, com grande entusiasmo, para mais perfeitamente imitar Jesus Cristo sobre a terra e assegurar a indizível dita de vir a participar da sua glória no Céu.

“Quer, e quer a valer, salvar-se.

“Como quer, como é livre, depõe aos pés de Deus os bens da terra, pelo voto de pobreza, e imola-Lhe o próprio corpo e alma: o corpo, pelo voto de castidade; a alma pelo voto de obediência.

Ato heroico; mas por isso mesmo, suprema afirmação da própria liberdade.

Nas Ordens Religiosas só há voluntários.

Só entra quem quer. Quem não quer, não entra.

Se entrou, e se arrependeu, sai.

A Igreja não encadeia ninguém.

Entrou, porque quis; e está porque quer.

“A natureza humana não aspira ao impossível; não se compromete ao impossível; não realiza o impossível.

“Os religiosos e religiosas aspiram a viver em pobreza, obediência e castidade; aspiram e prometeram; prometeram e cumprem”.[1]

Por fim, cabe ressaltar que o religioso não só é livre, mas, por abraçar os “conselhos evangélicos”, põe-se longe da tirania do dinheiro, da sensualidade e do orgulho.

“O que é capaz de compreender, compreenda-o” (Mt 19,12).

 

Por Cícero Leite


[1] CONWAY, Bertrand. The Question Box. 1954. p. 618-620. Grifos nossos.

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