Fragmentos de afresco do século IX são descobertos em Basílica de Veneza
A arte sacra possui o valor de “catequese também para os que não creem”, sendo a “expressão de uma Fé Cristã celebrada e acreditada”, afirmou o Patriarca de Veneza.
Itália – Veneza (05/08/2020 15:00, Gaudium Press) Durante as restaurações da Basílica de Santa Maria Assunta na Ilha de Torcello em Veneza, foram encontrados fragmentos de um afresco do século IX, que se encontrava sob os mosaicos do templo.
Sobre essa impressionante descoberta, o Patriarca de Veneza, Francesco Moraglia comentou que trata-se de “um testemunho das profundas raízes cristãs de Veneza, cuja arte deve seu princípio ao Evangelho trazido a estas terras desde os primeiros séculos de nossa era”. O prelado ressaltou ainda que a arte sacra possui o valor de “catequese também para os que não creem”, sendo a “expressão de uma Fé Cristã celebrada e acreditada”.
Nossa Senhora e São Martinho
Os fragmentos surgiram acima das abóbadas da Basílica mariana e estavam cobertos por uma camada de escombros desde a Idade Média: sua existência era uma hipótese, mas nunca foram estudados. A descoberta é uma peça fundamental para a reconstrução da história artística não somente da igreja de Torcello, mas de toda a Alta Idade Média em Veneza e no Adriático.
A partir dessas obras podem ser verificados dois ciclos iconográficos distintos: um comovente painel pictórico onde aparece uma representação vívida de Nossa Senhora e uma serva, e um segundo registro pictórico com os eventos hagiográficos de São Martinho. O Santo é representado como Bispo nos mosaicos, enquanto nos afrescos ele apresenta a iconografia tradicional de soldado da caridade. As imagens são acompanhadas de legendas pintadas com caracteres tipicamente medievais.
“Esta descoberta está dando resultados inesperados: de uma forma particular está evidenciando uma Fé mariana enraizada no território de Veneza. Também é importante a figura de Martinho de Tours em um triângulo que liga a Polônia, a França ocidental e a ilha de Torcello à Fé cristológica e à luta contra o arianismo”, salienta o Patriarca Moraglia.
Um testemunho da história de Veneza
Segundo o Delegado Patriarcal para o Patrimônio Cultural, Padre Gianmatteo Caputo, “os afrescos não serão visíveis porque estão sob o teto: no entanto, serão salvaguardados e preservados como um testemunho da história de Veneza”.
As intervenções para conservação da Basílica de Santa Maria só foram possíveis graças ao financiamento do “Save Venice”, um programa compartilhado com o Patriarcado de Veneza, que surgiu após as inundações de 2019 que danificaram mais de 80 igrejas, com o objetivo de tornar o edifício eclesiástico mais seguro. (EPC)
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