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O acaso existe?

A expressão “por acaso” é habitualmente utilizada, quando acontece algo inesperado e sem relação com Deus? Vejamos…

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Redação (03/07/2020 14:49, Gaudium Press) Conta-se que, certa vez, uma senhora, tentada a cometer o suicídio, carregou um revólver a fim de cumprir seu triste objetivo. No momento em que ia disparar, ouviu o toque da campainha da casa. Colocou a arma em cima da mesa e foi ver quem era. Apenas viu um envelope no chão. Ao abri-lo, viu uma estampa da Virgem Maria. Caindo em si, abandonou a ideia de suicídio e voltou a frequentar a Igreja.

Foi um acaso?

Divina Providência

Ensina o Catecismo que “a Divina Providência consiste nas disposições pelas quais Deus conduz, com sabedoria e amor, todas as criaturas, para o seu último fim” (CIC 321). Ou seja, a Divina Providência revela a vontade e o poder de Deus sobre tudo o que Ele criou, tendo em vista a perfeição. Deus governa todos os aspectos da vida. Segundo o Divino Mestre, nenhum fio de cabelo cai de nossa cabeça sem o Seu consentimento (cf. Lc 12,7).  Porque tudo está presente a seus olhos, até mesmo aquilo que depende da ação livre das criaturas.

Alguém sentar ao meu lado no ônibus, usando uma camisa branca é um acontecimento casual, neutro para a nossa salvação. Um filho estudar em determinada escola, porque os pais escolheram, deriva de nossa liberdade de escolha. Entretanto, todas essas ações correspondem a verdadeiros desígnios da Providência. Inclusive, Deus pode tirar um bem de um mal causado pelas criaturas.

Na Bíblia encontramos vários fatos que comprovam isso.  José, o filho mais amado de Jacó, foi vendido como escravos pelos próprios irmãos. Ao pobre pai, disseram que uma fera o tinha comido. Após anos de separação, por causa de uma seca que assolou a Palestina, os irmãos do escravo José encontraram-se com o então vice-rei do Egito.  O escravo vendido pelos seus parentes havia se tornado o segundo homem do Egito que salvou seus irmãos da miséria. O próprio José explicou a grandeza do acontecimento: “Não fostes vós que me fizestes vir aqui. Foi Deus. […] Premeditastes contra mim o mal: o desígnio de Deus aproveitou-o para o bem […] e um povo numeroso foi salvo”.

Liberdade de escolha

A Providência de Deus não predetermina os acontecimentos, mas permite e orienta as situações, tendo em vista nossa salvação. Com efeito, providência deriva da palavra latina providencia, que significa conhecimento antecipado. Deus vê tudo com antecedência, mas deixa suas criaturas agirem por si mesmas, livres para completarem a obra da criação e cooperarem, ás vezes inconscientemente, na realização de seu desígnio.

Assim, a Providência elimina o que ocorre por acaso. Deus é a causa primeira que opera nas e pelas causas segundas. Ele é o Senhor do acaso, pois é Ele que produz em nós o querer e o operar. No entanto, Ele dá liberdade aos homens de escolher suas atitudes.

Portanto, no primeiro caso acima mencionado, a Providência dirigiu os passos do carteiro para, na hora certa, salvar uma vida. E, na sua liberdade de escolha, a senhora aceitou o convite de confiar na proteção da Virgem Maria em sua aflição.

(Texto extraído, com adaptações, do livro Deus…Quem é Ele? São Paulo: Lumen Sapientiae, 2012, p. 97-102)

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