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Enquanto o vírus dá a volta ao mundo, o mundo multiplica as suas voltas

O novo coronavírus mudou a face do planeta. Enquanto isso, o núncio no Brasil parte para nova missão e o fundador de Bose para lugar ainda desconhecido.

Coronavirus volta ao mundo

Cícero Leite (03/06/2020 16:14, Gaudium Press) É mundialmente conhecido o livro A volta ao mundo em 80 dias de Júlio Verne. Seu autor parece um profeta… por que não?

Há 80 dias começava, nos países da América, a quarentena de seus habitantes por causa de um vírus que, vindo do outro lado do mundo, começava a afetar o “extremo ocidente”. Formidável coincidência foi verificar que Fernão de Magalhães, exatamente 500 anos atrás, era o primeiro homem a dar a volta ao mundo. É verdade que Magalhães não demorou apenas 80 dias, mas sim três penosos anos. Que relações poderia haver entre uma coisa e outra?

Sem ainda encontrar a resposta, o início de junho foi marcado com a súbita notícia do transferimento do núncio apostólico do Brasil, Dom Giovanni d’Aniello, para o outro lado do mundo: a Rússia. A sua nomeação quebrou a tradição dos três últimos antecessores que permaneceram no cargo por uma década. A nomeação do ponto de vista diplomático é importante, mas não menos do ângulo eclesiástico, se consideramos que a mensagem de Fátima pede a conversão da nação russa.

Da Itália chega a notícia que o fundador da comunidade ecumênica de Bose, Enzo Bianchi, deverá ser transferido de seu habitat natural para outro lugar. A penalidade foi imposta por “graves problemas”, noticia Vatican News, ligados ao exercício da autoridade, ainda a ser esclarecidos. O vaticanista Alberto Melloni, que tem laços históricos de amizade com o mosteiro, atesta que ainda haveria sanções ligadas à formação, aos ritos e aos bens. Nada se comenta, porém, sobre as controversas posições doutrinárias de Bianchi. A carta do Secretário de Estado ao atual prior e à comunidade faz votos de “um caminho de futuro e de esperança” para o mosteiro. Que assim seja. Afinal, se o mundo gira, por que não as pessoas?

Virando a página do noticiário, uma manchete estampava: “Fase laranja no estado de São Paulo”, e assim voltou ao tema do novo coronavírus. Que vírus é este que já deu a volta ao mundo, mas que o mundo ainda não conseguiu contornar? Sim! O mundo, que dá a volta em si mesmo em apenas 24 horas não pode dar a volta em um vírus nem mesmo num período de 80 dias…? Os economistas e mesmo alguns políticos reconhecem que para o restabelecimento dos países, serão necessários pelo menos ainda três penosos anos… Não dá nem para imaginar que novela Júlio Verne escreveria nos dias de hoje!

Claro está que não existe relação direta entre o livro do escritor francês (A volta ao mundo em 80 dias) e a façanha de Magalhães. Entretanto, já havia encontrado tantas coincidências disso com a situação atual do mundo, que outras perguntas foram inevitáveis: De onde sairá este grande “navegador” para dar a volta neste vírus? Será da China? Será da Itália? E por que não da Rússia? “Que grande homem!” diriam todos. O mundo não poderia deixar de agradecer tão dadivoso benefício, e não surpreenderia que 500 anos depois ele ainda fosse recordado como “salvador da humanidade”!

Outra interrogação nasceu a propósito de um dado histórico da viagem de Magalhães: o navegador saiu em expedição em 1519; em 1520 ele estava ainda atravessando um estreito na Patagônia que hoje consagra seu nome. Ora, estamos nós diante de um Oceano realmente Pacífico? É verdade que as águas próximas ao Cabo Horn são escuras e turbulentíssimas; mas será também verdade que, depois de passarmos por elas, chegaremos a uma “fase azul” e tranquila?

E para onde vamos rumar depois disso? Para o paraíso ecológico das Ilhas Galápagos, ou para os assombrosos mistérios da ilha de Páscoa? Iremos para as geleiras da Rússia, no extremo norte, ou chegaremos simplesmente ao mesmo lugar de onde meses antes saímos? Quem dará a direção do nosso navio? O que será do mundo daqui a três anos, se nem sabemos quantas voltas vamos dar em 80 dias? Pois é, o mundo gira…

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