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Há 15 anos morria João Paulo II, o Papa sem medo e devoto de Maria

Não tenhais medo! Procurai abrir, escancarar as portas para Cristo, por Maria: assim pensava João Paulo II.

Não tenhais medo! Procurai abrir, escancarar as portas para Cristo, por Maria: assim pensava João Paulo II.

Redação (Terça-feira, 22-10-2019, Gaudium Press) João Paulo II iniciou seu Pontificado no dia 22 de outubro de 1978.
Entre as primeiras recomendações feitas aos fiéis está o conselho que ressoou por todo o mundo católico enquanto ele ocupou o Trono de São Pedro:

“Não! Não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas para Cristo”.

O início de seu Pontificado marcou tanto sua vida que a Igreja determinou que na data de 22 de outubro fosse comemorada a memória litúrgica do santo.

Quem foi Karol Wojtyla

A cidade de Wadowice, na Polônia, viu Karol Wojtyla nascer em 18 de maio de 1920. Nessa cidade ele viveu até mudar-se para Cracóvia em 1938. 

Ele teve uma juventude muito dura. Viveu em um ambiente marcado pelo ódio e destruição da Segunda Guerra Mundial com a invasão nazista e, depois, com a dominação comunista em seu país. Com 20 anos ele foi operário em uma mina de pedras e, depois, numa indústria química.

Karol Wojtyla, jovem católico e vida eclesiástica

Karol foi sempre fiel aos ensinamentos católicos recebidos em criança, manteve-se firme na fé. Em outubro de 1942, entrou para o seminário clandestino de Cracóvia e foi ordenado sacerdote em 1º de novembro de 1946.
Em 1958, foi ordenado Bispo, adotando como lema episcopal a expressão mariana “Totus tuus”, ou seja, “todo teu”.

A partir de 1964, tornou-se Arcebispo de Cracóvia. Participou em todas as sessões do Concílio Vaticano II, tendo deixado importantes contribuições nas constituições dogmáticas ‘Gaudium et Spes’ e ‘Lumen Gentium’. Foi criado Cardeal por Paulo VI, em 26 de junho de 1967.

Cardeal Wojtyla: novo Papa

Após a morte repentina do Papa João Paulo I, foi convocado um Conclave e o Cardeal Polonês foi participar dele. No dia 16 de outubro de 1978, Karol Wojtyla foi eleito Papa. Tornou-se, então, o primeiro Papa eslavo da história e o primeiro não italiano a tomar assento na Cátedra de Pedro depois de 500 anos.
Ele escolheu o nome de João Paulo II e manteve seu lema: “Totus Tuus”.

João Paulo II e seu Pontificado

Sobre o “Papa que veio de longe” – timoneiro da “Barca de Pedro” por quase 27 anos – veremos desfilar comentários sobre sua atuação como sacerdote, bispo, arcebispo e cardeal na Polônia ainda comunista. Saberemos como foram seus estudos, sua prisão pelos nazistas, sua política diplomática e suas visitas apostólicas a 129 países. Conheceremos sua atuação durante o concílio. Poderemos avaliar detalhes e consequências do atentado que sofreu em 1981, bem como de sua doença.

Serão lembrados seus sofrimentos e também as alegrias, tristezas e esperanças de seus 84 anos de vida.
E é bom que seja assim mesmo: João Paulo II viveu de modo assinalado a História da Igreja e da humanidade. Até que se esgote tudo que se tem a dizer sobre ele, passará um bom tempo.

Não tenhais medo! Procurai abrir, escancarar as portas para Cristo, por Maria: assim pensava João Paulo II.

Outros fatos de João Paulo II

No entanto, haverá ainda outras atitudes de Karol Wojtyla, outros acontecimentos também dignos de memória que devem ser lembrados. São fatos praticados pelo Santo que ainda continuam a render bons frutos nessa Terra e terão desdobramentos no Céu, eternamente.
Falar sobre isso nunca será demais e a justiça e gratidão exigem que eles sejam sempre lembrados.

Devoto de Maria

Dentro dessa perspectiva estariam, por exemplo, as expressões de devoção a Nossa Senhora, a catequese e todo o apostolado Marial exercido pelo Papa João Paulo II. Seria um desafio quase invencível enumerar todos seus pensamentos, todas suas atitudes e desejos a propósito da Virgem Maria. Nessa contingência, sem a pretensão de esgotá-los, relembremos fatos e manifestações que evocam a devoção de João Paulo II a Maria, seus desdobramentos e consequências.

“Totus tuus”

Poucas horas depois de ter sido eleito Papa (17 de outubro de 1978), dirigindo-se ao mundo todo, afim de enunciar as linhas de seu pontificado, ele afirmou:
“Nesta hora, […] não podemos deixar de voltar, com filial devoção, o nosso olhar para Maria […], repetindo as palavras “totus tuus”, que […] gravamos em nosso coração e em nossas armas, no dia da ordenação episcopal”.

João Paulo II mostrava, assim, ser um homem predestinado. Pois, quem tem devoção a Nossa Senhora traz em sua alma a marca da predestinação.

Consagração a Jesus Cristo pelas Mãos de Maria

Durante seu longo pontificado, nas mais diversas situações, ele tinha seus olhos voltados constantemente para Nossa Senhora.
Aproveitou-se de ocasiões solenes ou intimas, visitas a grandes santuários ou a pequenas igrejas e capelas, fóruns internacionais ou encontros privados para, sempre, renovar sua “consagração a Cristo pelas mãos de Maria” (RMa 48).
Ele escolheu este meio para mostrar ao mundo seu amor à Virgem Maria e seu desejo de viver fielmente esse compromisso de fidelidade a sua devoção mariana. E assim ele agiu até o fim de sua vida.

Onde ele encontrou fundamentos para essa entranhada devoção? Sem dúvida alguma, na Tradição Católica e nos exemplos de vida de inúmeros santos.

Contudo, a mariologia de João Paulo II foi influenciada, sobretudo, por S. Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716) que afirmava: “Toda a nossa perfeição consiste em sermos configurados, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Portanto, a mais perfeita de todas as devoções é, incontestavelmente, aquela que nos configura, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo.”

História de uma devoção

A relação de Karol Wojtyla com Nossa Senhora começou quando ele era menino. Sua mãe terrena morreu quando ele tinha sete anos e ele logo habituou-se a rezar junto a uma imagem de Nossa Senhora de sua paróquia.
Tendo nascido e vivido na Polônia onde a maioria de seus compatriotas veneram a Virgem de Czestochowa, esta relação cresceu ao longo da sua existência acompanhando-o em sua formação e durante a vida de sacerdote.

Ao ser eleito Bispo, tomo como lema: Totus Tuus. Todo Teu!
Uma de suas frases poderia resumir a razão de ele dizer “Totus Tuus”: “Importa reconhecer que, antes de que qualquer outro, o próprio Deus, o Pai eterno, confiou-se à Virgem de Nazaré, dando-lhe o próprio Filho no mistério da Encarnação” (RMa 39).

 “Rosário: minha oração predileta!”

“O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e profundidade”, -disse João Paulo II em 20 de outubro de 1978, uma semana depois de ter sido eleito Papa-.

Ele aprofundou e amadureceu sua devoção a Nossa Senhora e disso dava sempre mostras: rezava constantemente o rosário. Era frequente vê-lo rezar o terço devotamente nos momentos de pausa, em seus traslados no papamóvel, nos encontros mais longos com jovens, enquanto eles executavam músicas para ele, e nas horas de recolhimento diante do Santíssimo Sacramento ou de uma imagem de Nossa Senhora.

Suas atividades nunca foram empecilho que justificassem deixar de rezar o terço. Tornou-se conhecido o fato de que nas audiências que concedia ou nas visitas que fazia, o presente que mais oferecia era sempre um rosário, mesmo que a pessoa não fosse católica ou nem tivesse Fé alguma.

Contemplar com Maria o rosto de Cristo

João Paulo II dedicar ao Santo Rosário o ano que antecedeu o Jubileu de Prata de seu pontificado. Essa foi uma atitude querida por ele para incentivar “a contemplação do rosto de Cristo na companhia e na escola de sua Mãe Santíssima. ”
Com efeito, recitar o Rosário nada mais é [que] contemplar com Maria o rosto de Cristo” (RVM – 3). Assim, depois de 25 anos na direção da Igreja, o já então ancião Karol Wojtyla confirmava, uma vez mais, o “Totus Tuus” da sua vida.

“Meditar com o Rosário significa entregar os nossos cuidados aos corações misericordiosos de Cristo e da sua Mãe. À distância de vinte e cinco anos, ao reconsiderar as provações que não faltaram nem mesmo no exercício do ministério petrino, desejo insistir, como para convidar calorosamente a todos, a fim de que experimentem pessoalmente isto mesmo: verdadeiramente o Rosário «marca o ritmo da vida humana» para harmonizá-la com o ritmo da vida divina, na gozosa comunhão da Santíssima Trindade, destino e aspiração da nossa existência”.

Ano do Rosário, ano para o rosário

João Paulo II escreveu na Carta Apostólica “Rosarium Virignis Mariae”:
“na esteira da reflexão oferecida na Carta apostólica “Novo millennio ineunte” na qual convidei o Povo de Deus, após a experiência jubilar, a “partir de Cristo” senti a necessidade de desenvolver uma reflexão sobre o Rosário, uma espécie de coroação mariana da referida Carta apostólica, para exortar à contemplação do rosto de Cristo na companhia e na escola de sua Mãe Santíssima. Com efeito, recitar o Rosário nada mais é senão [que] contemplar com Maria o rosto de Cristo. Para dar maior relevo a este convite, […] desejo que esta oração seja especialmente proposta e valorizada nas várias comunidades cristãs durante o ano. Proclamo, portanto,o período que vai de Outubro deste ano até Outubro de 2003 Ano do Rosário. “

Constante Apostolado através de Maria…

O Papa João Paulo II sempre quis deixar patente sua devoção a Nossa Senhora. Essa devoção era uma forma de ele caminhar na santificação, mas os efeitos dela tinham como corolário atrair mais almas para Cristo. Ele sabia que os exemplos influenciam, entusiasmam e arrastam.

Todos sabiam que, depois de Papa, nunca deixou de praticar a devoção dos primeiros sábados, como pediu Nossa Senhora aos pastorezinhos de Fátima. Ele quis também demonstrar sua devoção a Nossa Senhora quando atribuiu à intercessão de Maria o fato de ter sobrevivido ao atentado que sofreu

…nas audiências públicas

Ele utilizou-se das audiências públicas das quartas-feiras para difundir as glórias de Maria e propagar a devoção a Ela. Entre 1995 e 1997, em 58 delas, ele teve Nossa Senhora como assunto constante dessas audiências.
Com uma didática simples e direta, capaz de atingir qualquer nível de cultura, ele proporcionou aos que tomaram conhecimento dessas homilias uma incursão através de diversos e variados temas que constituem a mariologia.

…em qualquer ocasião oportuna

As homilias de João Paulo II sobre a Bem-aventurada Virgem Maria chegam às centenas. Além das alocuções das quartas feiras, Ele dedicou também, em diversas outras ocasiões, um número enorme de orações e consagrações à Santíssima Virgem, nascidas de seu coração, vinham à tona.
Eram sempre palavras acessíveis, porém, elevadas e com fundamento teológico profundo.

Os mistérios de Luz

Seria bom lembrarmos que ele escreveu a encíclica “Redemptoris Mater” e também a carta apostólica “Rosarium Virginis Mariae”.
Estes escritos trazem um conjunto de pensamentos, meditações e afirmações de um Papa que já havia caminhado bastante na estrada de Maria, trazem reflexões de um coração apaixonado pela Santa Mãe de Deus, a Virgem Maria.

Como corolário dessas meditações sobre o Rosário, o Papa acrescentou a ele um conjunto novo de cinco mistérios. Eles formam a quarta parte do Rosário e receberam a denominação de “Mistérios Luminosos” ou “Mistérios da Luz”.

João Paulo II e Fátima

Provavelmente, a devoção do Papa João Paulo II a Nossa Senhora de Fátima veio de sua época de infância e juventude, pois, na Polônia, desde cedo, a história e a mensagem da Senhora da Cova da Iria foram bastante difundidas.

Sobre a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, segundo o pedido de Nossa Senhora, em Fátima, o ainda jovem Dom Wojtyla participou ativamente da defesa e divulgação dessa Consagração.
Para João Paulo II, “Consagrar o mundo ao Coração Imaculado de Maria significa aproximar-nos, mediante a intercessão da Mãe, da própria Fonte da Vida, nascida no Gólgota. Este Manancial 

Em 13 de Maio de 1981 completavam 64 anos da primeira aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria. Era também comemorado o cinquentenário da consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria e o Episcopado Português tinha resolvido que nesse dia seria renovada essa consagração.
Justamente na tarde deste mesmo dia aconteceu o atentado contra o Papa. Desde então, no Santuário de Fátima as autoridades eclesiásticas e os peregrinos se uniram em oração pelo Papa.

“Não podíamos deixar morrer o Santo Padre. Pela proteção de Nossa Senhora, Consoladora dos Aflitos, Saúde dos Enfermos, Mãe da Santa Esperança, o Papa não morreu”, dizia o Bispo de Leiria, um ano depois. (OR, 9 Mai. 1982, p. 9, col. 1-2).

Desde esse dia, o pontificado do Papa João Paulo II decorreu ao ritmo da “Senhora da Mensagem”, como ele costumava dizer.
Alguns momentos são significativos e mostram essa sintonia com a mensagem de Fátima:
Em alocuções e outros documentos oficiais de seu pontificado, João Paulo II refere-se a Nossa Senhora de Fátima em 110 ocasiões diferentes.

O Papa João Paulo II teve uma última atenção para com Fátima: enviou uma mensagem para a Irmã Lúcia que, a 13 de fevereiro de 2005 ainda a pode ler poucas horas antes de falecer.
Menos de dois meses depois, 2 de abril, João Paulo II morria. Na Praça de S. Pedro ouvia-se constantemente o “Ave de Fátima”.
Cantando, o povo associava definitivamente João Paulo II a Nossa Senhora de Fátima.

Divina Providência e João Paulo II

Foi João Paulo II quem instituiu o domingo da Divina Providência e ele veio a falecer em 2 de abril de 2005 às 21h37, na noite prévia ao Domingo da Divina Misericórdia.
Após 26 dias do seu falecimento, Bento XVI concedeu a dispensa dos cinco anos de expectativa prescritos para que pudesse ser iniciado o processo causa de canonização.
Em 1º de maio, Bento XVI o proclamou beato e, em 27 de abril de 2014, foi canonizado pelo Papa Francisco. (JSG) (São João Paulo-Veja o caminho para a canonização)

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