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“É preciso obedecer a Deus antes que aos homens”

Redação (Sexta-feira, 28-02-2020, Gaudium Press) Tomados pelo Espírito Santo, os Apóstolos faziam milagres espirituais, isto é, convertiam muitas pessoas para a Igreja, e também materiais, como curas de doenças.

É preciso obedecer a Deus antes que aos homens. Foto Wikipédia.jpg
A autêntica satisfação da vida é aquela sensação de limpeza de alma
que se possui quando fitamos de frente a nossa cruz e dizemos ‘sim’ a ela.
Foto: Wikipédia

Um Anjo abriu as portas da prisão

Enfermos não só de Jerusalém, mas também trazidos de outras cidades, eram colocados nas praças da cidade santa e “todos eram curados” (At 5, 16). Os que não podiam chegar junto a São Pedro queriam que pelo menos sua sombra os tocasse (cf. At 5, 15).

Ao saberem desses fatos, o sumo sacerdote e seus partidários, os saduceus, ficaram cheios de ódio e mandaram prender os Apóstolos na cadeia pública. Vemos, assim, como as autoridades romanas estavam mancomunadas com os judeus ímpios para perseguirem os cristãos.

Eis que um milagre ainda mais grandioso se operou: À noite, um Anjo abriu as portas da prisão e ordenou aos Apóstolos que se dirigissem ao Templo para pregar o Evangelho. “Eles obedeceram e, ao amanhecer, entraram no Templo e começaram a ensinar” (At 5, 21).

Em determinada hora, o Sinédrio se reuniu e mandou que fossem buscar os Apóstolos. Mas estes não se encontravam mais na prisão, embora sua porta estivesse fechada e seus guardas a postos. Logo depois, chegou a notícia de que os Apóstolos estavam pregando no Templo.

Estupefatos, os sinedritas ordenaram que o comandante dos guardas trouxesse os Apóstolos. Ele e seus soldados assim o fizeram, “mas sem violência, pois tinham medo de que o povo os atacasse com pedras” (At 5, 26).

Chegando eles ao Sinédrio, o sumo sacerdote interrogou os Apóstolos: “Não vos proibimos expressamente de ensinar nesse nome?” Ou seja, em Nome de Jesus.

São Pedro e os outros Apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens.” E increparam os sinedritas dizendo:

“O Deus de nossos pais suscitou Jesus, a Quem vós matastes, pregando-O numa cruz.” Ouvindo isso, os sinedritas “ficaram furiosos e queriam matá-los” (At 5, 28. 29. 33).

Quão bela é a afirmação dos Apóstolos:

“É preciso obedecer a Deus antes que aos homens!”

Hoje em dia, muitos que se dizem católicos fazem o contrário: sujeitam-se vilmente ao mundo e desprezam os Mandamentos da Lei de Deus.

A verdadeira alegria da vida

“Então levantou-se, no Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel, mestre da Lei e estimado por todo o povo.” Ele mandou que os Apóstolos se retirassem e depois afirmou:

“Dou-vos um conselho: não vos preocupeis com estes homens e deixai-os ir embora. Porque se este projeto ou esta atividade é de origem humana será destruída. Mas se vem de Deus não conseguireis destruí-los. Não aconteça que vos encontreis combatendo contra Deus.” (At 5, 34.38-39).

Os membros do Sinédrio aceitaram o conselho de Gamaliel, chamaram os Apóstolos, mandaram flagelá-los e os libertaram, ordenando-lhes que não mais falassem em nome de Jesus.

Os Apóstolos saíram “alegres por terem sido considerados dignos de injúrias por causa do santo Nome. E cada dia, no Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e anunciar […] Jesus” (At 5, 41-42).

Alegres porque receberam uma graça especial do Espírito Santo e estavam compenetrados do que havia dito Nosso Senhor: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem” (Mt 5, 11).

Afirma Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:
“A verdadeira alegria da vida não consiste em desfrutar prazeres grandes ou pequenos, em ter fartura no comer e no beber, nem qualquer outra espécie de conforto. A autêntica satisfação da vida é aquela sensação de limpeza de alma que se possui quando fitamos de frente a nossa cruz e dizemos ‘sim’ a ela.”

Ordenação de sete diáconos

Tendo crescido o número de fiéis, surgiram dificuldades no serviço às mesas onde se distribuía comida aos pobres, às viúvas, etc. E muitas viúvas começaram a fazer queixas.

Os Apóstolos, então, recomendaram que se escolhessem sete homens “de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (At 6, 3), para cuidarem dessas tarefas a fim de que os Apóstolos pudessem se dedicar inteiramente à oração e a pregação do Evangelho.

Tendo sido efetuada a escolha, os Apóstolos, pela imposição das mãos (cf. At 6, 6), ordenaram sete diáconos

Vemos, assim, como a hierarquia vai se formando na Igreja.

Até então havia o Papa (São Pedro), bispos e sacerdotes (os outros Apóstolos). Nesse momento foram ordenados diáconos.

Posteriormente, a hierarquia foi se desdobrando com outros graus: Cardeais, Monsenhores, Cônegos, etc.

Entre os escolhidos estavam Estevão, que se tornou admirável mártir; Filipe – não confundir com o Apóstolo de mesmo nome -, que converteu a Samaria e o eunuco de Candace, Rainha da Etiópia; Nicolau de Antioquia.

Nicolaítas

A respeito do Diácono Nicolau, convém fazer um esclarecimento.

O Apocalipse menciona duas vezes os nicolaítas (cf. Ap 2, 6.15), e afirma que Deus os incita a se converterem, senão “lhes farei guerra com a espada que sai de minha boca” (Ap 2, 16).

Eram asseclas de uma heresia que, entre outros erros, pregava a comunidade de mulheres.

Santo Irineu e Tertuliano afirmam que o Diácono Nicolau de Antioquia foi o chefe dessa heresia ignominiosa.

Porém outros autores importantes – entre os quais Santo Agostinho – dizem que ela foi pregada por indivíduos que deturparam os ensinamentos daquele diácono.

Entretanto, São Tomás de Aquino explica que “Nicolau, um dos sete diáconos”, seguiu o nefando erro de Platão que defendia a comunidade de mulheres.

É oportuno lembrar que no século II surgiu a heresia dos apostólicos, a qual negava o direito de propriedade.

Vemos, assim, que os nicolaítas e os apostólicos foram precursores do comunismo, o qual prega a abolição da família e do direito de propriedade.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História da Igreja” – 4)

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1- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A exaltação da Santa Cruz, em nós e fora de nós. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano III, n. 30 (setembro 2000), p. 19.

2- Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours. Paris : Louis Vivès. 1869. v. V, p. 330.

3- Cf. Suma contra os gentios. Livro III, cap. 124.

4- Cf. DARRAS, op. cit., p. 320.

 

 

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