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Os Reis Magos, a Epifania e o Maravilhoso

Redação (Segunda-feira, 06-01-2020, Gaudium Press) Infelizmente, nos tempos hodiernos, que acumulam sobre si o fruto de vários séculos de decadência moral, procura-se arrancar às crianças, o mais cedo possível, o maravilhoso. E com esta perda vai-se embora também a inocência.

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É indispensável alimentar a fé com as belezas da criação
Foto: Arquivo Gaudium Press

Aos poucos os jovens são introduzidos num ambiente onde o hábito de admirar já não existe.

Nas escolas e universidades, em geral, o que interessa é o concreto, o exato, a ciência, o número, a prova, o testemunho.

Às vezes o que é pior até nos cursos de Religião se nota o empenho dos professores em dizer que nas Sagradas Escrituras muitos episódios não passam de lenda e fantasia, e não aconteceram como estão narrados.

Tudo para dissuadir o aluno da ideia do milagre, da intervenção de Deus, do sobrenatural e da relação que há entre o homem, a ordem do universo e Deus.

Tal sede de maravilhoso, tão viva no mundo dos inocentes, deveria permanecer no horizonte dos adultos e, inclusive, crescer.

É preciso continuar crendo na maravilha e alimentar a fé com a contemplação das belezas criadas por Deus, pois até um colibri tentando tirar o seu alimento de uma flor, com elegância e agilidade, nos remete a Deus, a seu poder e formosura.

Consideremos a Epifania com senso do maravilhoso

É por este prisma que analisaremos a Solenidade da Epifania sobre a qual encontramos, com frequência, explicações tendentes a demolir o senso do maravilhoso nas almas.

Assim, deixando de lado detalhes históricos em alguns casos até discutíveis, se não fazem parte da Revelação, já comentados em artigos anteriores,1 centremos nossa atenção no aspecto sobrenatural e simbólico latente neste acontecimento. Joseph de Maistre dizia: “La raison ne peut que parler, c’est l’amour qui chante!2 A inteligência só sabe falar, o amor é que canta”.
Acompanhemos, então, a Liturgia deste dia com amor, considerando os fatos de dentro do olhar de Deus.

O Espírito Santo fala no interior das almas

Esta Solenidade é para nós mais importante em certo sentido, do que o próprio Natal embora este seja mais celebrado, por nos tocar muito de perto. Como?

Era uma época auge…

Era um Auge: Auge de decadência da humanidade! A situação social, política e, sobretudo, moral, era a pior possível.

O mundo, penetrado de desprezos, ódios e invejas, havia chegado ao fundo de um abismo, e a civilização antiga encontrava-se num impasse, pois ninguém vislumbrava uma solução para a crise que lhe minava os fundamentos.

Em poucas e expressivas palavras descreve o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira tal situação:
“Como afirmou um historiador famoso, toda a humanidade, então, se sentia velha e gasta. As fórmulas políticas e sociais, então utilizadas, já não correspondiam aos anseios e ao modo de ver dos homens do tempo. Um imenso desejo de reforma sacudia diversos povos. […] E todo o mundo sentia que uma crise imensa ameaçava a sociedade de uma ruína inevitável”.3

E é esse tempo em que nasce Nosso Senhor Jesus Cristo numa localidade judaica, em Belém, de uma Mãe judia e para os judeus.

Ele dirá mais tarde aos Doze, ao enviá-los em missão: “Ide antes às ovelhas que se perderam da casa de Israel” (Mt 10, 6).

Também quando a cananeia Lhe pede a libertação de sua filha atormentada pelo demônio, responde: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15, 24).

Dir-se-ia que a vocação do Messias se restringia ao povo eleito. Entretanto, alguns dias depois do seu nascimento treze, segundo a Glosa4 recebe os Magos, oriundos de terras longínquas, significando a universalidade da Redenção e antecipando o chamado à gentilidade, que tornaria na iminência de subir aos Céus, ao dar o mandato aos Apóstolos: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19). Ele veio para todos os outros povos, portanto também para nós.

A esse propósito, mostra São Tomás que Deus não faz acepção de pessoas, pois Se manifestou a todas as classes sociais, nobres e plebeus, à multiplicidade das raças e nações, a sábios e ignorantes, aos poderosos e aos de condição humilde, sem excluir ninguém.

(O Inédito sobre os Evangelhos, Monsenhor João Clá Dias, Exertos)

 

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