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Na era do totalitarismo digital e das redes, como viver a Quaresma?

Redação (Segunda-feira, 09-03-2020, Gaudium Press) Em recente edição, a ACI Digital comentou uma matéria do L’Osservatore Romano, (19, 02, 2018), que leva como título: ‘Totalitarismo digital’.
A matéria continua atual, bastante atual. Ela destaca a importância da solidão, do silêncio e do jejum para viver a Quaresma na era das redes sociais.
Trataremos do mesmo tema tendo como fundo de quadro um artigo ainda há pouco publicado pela ACI.

Na era do totalitarismo digital e das redes, como viver a Quaresma-Foto Arquivo Gaudium Press.jpg
Sobrecarregados por tudo o que consumimos,
incluindo alimentos e o uso excessivo das redes sociais,
não perceberemos a sede de infinito na nossa alma.
Foto: Arquivo Gaudium Press.

“A cada ano, o tempo litúrgico da Quaresma convida a viver momentos de recolhimento, de deserto e, se a solidão, o silêncio, o jejum, -na era das redes sociais-, podem parecer completamente impraticáveis.
Na, verdade eles são sempre mais necessários para proteger o equilíbrio psicofísico do indivíduo”, recorda a autora do artigo Antonella Lumini.

Mundo interior que constitui a verdadeira riqueza…

“Não se trata de incentivar a fuga do mundo ou de demonizar certos instrumentos, mas de reencontrar a medida certa. Em uma época na qual prevalece o consumo descontrolado de tudo, em que é normal o comportamento convulsivo para a interação nas redes, seria bom redescobrir a solidão e o jejum como caminhos a percorrer para voltar às profundezas”.

A autora do artigo recorda que Santo Agostinho convidava a não “se dispersar, mas voltar a si mesmo, porque a verdade que desejamos está no profundo de nós”.

Para Lumini, “enquanto estamos sobrecarregados por tudo o que consumimos, incluindo o excesso de alimentos e o uso excessivo das redes sociais, não poderemos perceber a sede de infinito na nossa alma: assim se torna impossível penetrar neste misterioso mundo interior que constitui a verdadeira riqueza que nenhuma coisa externa poderá substituir”.

“A solidão permite que a pessoa experimente isso sozinha, desmascarando, despindo, favorecendo a relação com o Espírito, com esse fundo luminoso no qual o ego se abre à consciência, expande-se para o insondável.
O ‘eu’ se abre ao ‘Eu Sou’, o nome revelado de Deus assumido por Jesus, ou se fecha tornando-se o centro de si mesmo”, assinalou.

Jejum não só de comida

É nesse sentido que “o jejum, entendido não só como abstinência de comida, mas também do celular e das conexões digitais, torna-se um meio capaz de impedir os círculos viciosos que causam dependência”.

Na relação pessoal com Deus, continua Antonella Lumini, o “sujeito é encorajado a crescer espiritualmente. Ao contrário, a interação constante com a rede intensifica o processo de massificação e homologação das consciências e produz uma regressão (…) na qual a individualidade se perde”.

Entre os riscos de não responder à sua sede interior, Lumini adverte que a pessoa pode cair na “agressividade, na violência, na tristeza, na depressão e no mal-estar físico”.

“Uma forma alterada e excessiva de relações sem uma verdadeira interação humana anestesia as consciências, produz uma escravidão tortuosa, sedutora, que não é imediatamente reconhecível, que está camuflada. Mas essa escravidão do totalitarismo digital não se compara com a dos regimes totalitários que privam de toda liberdade”.

Diante dessa situação “é hora de acordar do entorpecimento. A solidão e o jejum revelam o vazio interno e é por isso que nos dão medo”.

A conclusão

“Como ensinam os padre e as madres do deserto, os demônios são vícios, círculos viciosos que prendem em uma corrente da qual já não podemos sair. Às vezes, o vício é apresentado como uma virtude. Então, o silêncio, a solidão e o jejum são o antídoto”, conclui a autora.

O Espírito fala em todos os lugares e sempre fala, basta saber ouvi-lo. Para aprender a ouvi-lo é necessário aprender a ficar em silêncio”. (ARM)

 

 

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