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Uma nova era de milagres?

Redação (Segunda-feira, 16-10-2017, Gaudium Press) Nosso Senhor Jesus Cristo foi chamado de Mestre, porque de fato o era. Mas sua doutrina exigia a conversão, uma mudança tão profunda dos conceitos comumente aceitos e reconhecidos, que se compreendem sem dificuldade os pedidos feitos a Ele, de confirmar por meio de sinais a origem sobrenatural de seus ensinamentos. Isto, aliás, era prática corrente no Antigo Testamento, por orientação de Deus, dada através de Moisés (cf. Dt 18, 21-22).

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Vieram então os milagres, deixando patente aos olhos de todo o povo de Israel que Jesus de Nazaré estava à altura de seus maiores profetas (cf. Mt 16,13-14). Essas maravilhas brotavam de seu Sagrado Coração como prova de seu amor por todos, mas tinham por objetivo também, pela demonstração de seu poder, revelar sua origem divina, mover os povos a crerem n’Ele e abraçarem a mudança de vida que Ele pregava. Por isto, São João se refere sempre aos milagres de Jesus como “sinais”.

Ora, o que é um milagre? Uma suspensão temporária, por efeito do poder de Deus, das leis que regem a natureza. Assim sendo, são milagres as curas operadas p or Nosso Senhor; a fortiori, a ressurreição de Lázaro; os denominados “milagres eucarísticos”; o completo restabelecimento, sem qualquer explicação científica, de uma pessoa com doença mortal. Não menos milagrosos são fatos como o de salvar Jerusalém do exército de Senaquerib, cujos 185 mil homens foram exterminados numa só noite pelo “Anjo do Senhor” (cf. II Rs 19, 35).

Aparições de Nossa Senhora, como a de Lepanto e de Guararapes, são outros tantos exemplos de milagres. Finalmente, são também milagres, stricto sensu, as devastações que só se explicam pela intervenção de Deus à vista de graves pecados: o Dilúvio, a destruição de Sodoma e Gomorra, a punição de Coré, Datã e Abiron. Neste sentido, o famoso “milagre do sol”, ocorrido durante a última aparição de Maria em Fátima, consistiu numa severa advertência aos membros da Igreja e ao mundo.

Entretanto, embora mais sensacionais, os principais milagres não são estes, mas sim os que se operam num terreno muito mais alto e mais disputado: o cerne da alma humana, o coração do homem. Como explicar que das raças bárbaras, afeitas a todos os crimes, tenham surgido os esplendores do gótico, do polifônico e de tantas outras maravilhas da Civilização Cristã? De fato, a arte nasce sempre como expressão de uma necessidade do espírito de manifestar aquilo que canta no seu interior. A novidade, pois, não foi tanto um novo estilo arquitetural ou musical, mas uma profundíssima mudança na alma humana que precisou exprimir-se com renovada beleza.

Em Fátima, Nossa Senhora prometeu o triunfo de seu Imaculado Coração. Logo, se é legítimo pensar que o terceiro segredo encerra descrições ainda mais perturbadoras que as dos dois anteriores em matéria de castigo, é sobretudo necessário que contenha revelações sobre maravilhas jamais vistas, que a Providência reservou para operar nas mentalidades, mediante a graça, a fim de transformá-las em previsão do Reino de Maria.

(Editorial – Revista Arautos do Evangelho, nº 190, outubro 2017, p. 5.)

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