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Prêmios e castigos

Redação (Quinta-feira, 18-07-2019, Gaudium Press) Poucos dias antes do início de sua Paixão, Nosso Senhor se encontrava no Monte das Oliveiras com seus discípulos aos quais, entre outros temas, falou do Juízo Final. Disse Ele:

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Dois Juízos
“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os Anjos, então Se assentará em seu trono glorioso.

“Todos os povos da Terra serão reunidos diante d’Ele, e Ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.

“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita:

“‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!’ […]

“Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de Mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos'” (Mt 25, 31-34.41).

Cada um de nós será submetido a dois Juízos: o particular, logo após nossa morte, e o final, assim que terminar o mundo. Este será universal porque também o foi a própria Redenção.

Explica Monsenhor João Clá:

“No juízo particular cada homem é julgado privadamente por Deus,
permanecendo o seu foro íntimo, bem como todas as consequências de seus pecados, ocultos aos outros homens.

“Para a plena glorificação da justiça divina é indispensável que haja um outro Juízo, público e universal, no qual fiquem patentes aos olhos de todos a inocência dos bons e a torpeza dos maus.”

Os pecados dos eleitos não serão manifestados

Quantas tramas secretas foram articuladas contra a Santa Igreja ao longo dos séculos… No Juízo Final tudo será conhecido. “Deus fará prestar contas de tudo o que está oculto, todo ato, seja ele bom ou mau” (Ecl 12, 14).

Os que fizeram urdiduras para promover, por exemplo, a decadência da Idade Média, o surgimento do Humanismo e Renascença, da pseudo-Reforma, da Revolução Francesa, etc., prestarão contas ao Divino Juiz.

E serão premiados aqueles que, movidos por ardente amor a Deus, denunciaram essas tramas. Citemos dois exemplos: O Papa São Pio X que condenou, através de uma encíclica, a seita modernista. E Dr. Plinio Corrêa de Oliveira que escreveu diversas obras contra erros infiltrados na Igreja, sendo a primeira delas “Em defesa da Ação Católica”, publicada em 1943.

Cada pessoa deverá prestar contas não só de suas obras, mas também de suas omissões, pois, conforme afirma o Apóstolo São Tiago o Menor, “aquele que souber fazer o bem e não o faz, peca” (Tg 4, 17).

A respeito das pessoas que, embora tivessem cometido graves pecados, se arrependeram e se salvaram pela misericórdia divina, Santo Afonso Maria de Ligório – Doutor da Igreja e considerado o maior dos moralistas – defende uma bela tese. Diz ele:
“Os pecados dos eleitos, no sentir do Mestre das Sentenças e de outros teólogos, não serão manifestados, mas ficarão encobertos, segundo estas palavras de David: ‘Bem-aventurados aqueles, cujas iniquidades foram perdoadas, e cujos pecados são apagados’ (Sl 31,1).

“Pelo contrário – disse São Basílio – as culpas dos réprobos serão vistas por todos, ao primeiro relancear d’olhos, como se estivessem representadas num quadro.”

Visão beatífica

Então, o Divino Juiz dirá aos que estiverem à sua direita: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai
vos preparou desde a criação do mundo!” (Mt 25, 34).

“A essência do prêmio será a visão beatífica, quer dizer, a contemplação de Deus face a face. Pela força da graça nos será possível contemplar a própria essência de Deus, em vez de apenas discerni-Lo por seus reflexos nas criaturas.”

Além da visão de Deus, os Bem-aventurados receberão no Céu outros prêmios. Terão corpos gloriosos, conforme afirma o Apóstolo: “semeado na corrupção, o corpo ressuscita incorruptível; semeado no desprezo, ressuscita glorioso; semeado na fraqueza, ressuscita vigoroso; semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual” (I Cor 15, 42-44).

E desfrutarão a inimaginável alegria de poderem contemplar Nosso Senhor Jesus Cristo, Nossa Senhora e os Santos.

Pena do dano

Depois, Nosso Senhor aos que estiverem à sua esquerda proferirá a sentença:

“Afastai-vos de Mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos” (Mt 25, 41a).

Que castigo espantoso ser afastado para sempre de Nosso Senhor! “Trata-se da chamada pena de dano, palavra derivada do latim damnum, perda, pois esse tormento consiste na perda da posse de Deus, nosso fim último. […]

“Por ser infinitamente verdadeiro, bom e belo, Deus é infinitamente atraente. Os condenados, por sua natureza, são atraídos por essa Beleza Suprema, única capaz de satisfazer sua necessidade insaciável de amor.

“Entretanto, Deus os repele por completo, e eles, em delírios de furor infernal, não fazem senão detestá-Lo, maldizê-Lo, blasfemar contra Ele. É o tormento de um coração apaixonado e roído de ódio. É o sofrimento atroz
do amor contrariado, desprezado, transformado em fúria, posto continuamente num extremo de ódio e desespero.”

Fogo devorador

E a esses precitos Jesus ordenará: “Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos” (Mt 25, 41b).

“Comparada com o horror da pena de dano, a pena dos sentidos pode até parecer suave… Contudo, por si só é também tremenda!

“O agente desse castigo é o fogo: ‘Quem de nós poderá permanecer perto deste fogo devorador?’ (Is 33, 14), pergunta com pavor o profeta Isaías. O Inferno é um abismo de fogo, um ‘tanque ardente de fogo e enxofre’ (Ap 21, 8).

“E não nos iludamos pensando que a expressão ‘fogo eterno’ seja apenas uma metáfora, uma imagem para se referir ao remorso da consciência.

É doutrina universalmente aceita na Igreja, baseada na Sagrada Escritura e no consenso dos Padres, que se trata de um fogo real, eterno e inextinguível, que tortura os espíritos e queimará os corpos sem os destruir.”

Considerando essas verdades, vemos como tudo na vida é sério. Que Nossa Senhora nos conceda a graça de sempre tê-las diante dos olhos, a fim de em tudo procurarmos a glória de Deus e de sua Santa Igreja.

Por Paulo Francisco Martos

(in “Noções de História Sagrada” – 202)

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1- CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. II, p. 491.

2- SÃO PIO X. Pacendi Dominici gregis, de 19-7-1908.

3-Lib. de Ver. Virg.

4- SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO, Preparação para a morte. Tradução de Celso de Alencar. Edição PDF de Fl. Castro. 2002, Consideração XXV, p. 80.

5- CLÁ DIAS, op. cit., p. 492-493.

6- Idem, ibidem, p. 495-496.

7- Idem, ibidem, p. 496-497.

 

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