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“A sociedade sem Deus perde o sentido de sua humanidade”, adverte Arcebispo dos EUA

Estados Unidos – Los Angeles (Segunda-feira, 11-02-2019, Gaudium Press) Dom José Gómez, Arcebispo de Los Angeles, Estados Unidos, ofereceu uma conferência no encontro ‘Hispanic Innovators of the Faith’ (Inovadores Hispanos da Fé) da Universidade Católica dea América em Washington. Em sua intervenção, o prelado lamentou que a sociedade atual se distancie progressivamente de Deus com a temível consequência de perder seu próprio propósito e o sentido de humanidade.

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O Arcebispo recordou o valente testemunho dos primeiros missionários no continente americano, que valorizam a sacralidade e vocação dos povos indígenas até Cristo, buscando para eles a conversão à verdadeira Fé e o trato justo por parte dos conquistadores. A defesa da dignidade humana dos indígenas pode ser transladada ao dia de hoje, quando diversas legislações questionam a definição e o sentido do que é um ser humano.

“Venho a estas questões, não como historiador ou erudito, mas como pastor de almas. E como pastor, estou preocupado pela direção que está tomando nossa sociedade”, alertou Dom Gómez. “Creio que nossa forma de vida faz com que seja mais difícil para as pessoas encontrar a Deus e saber o significado de suas vidas”. A perda do entendimento comum sobre o que é o ser humano é causada pela “perda mais ampla da consciência de Deus em nossa sociedade”.

Os estragos de perder a Deus

Graves ameaças como o aborto, os anticoncepcionais, a eutanásia, a experimentação com embriões e a escravidão do tráfico de pessoas, são mostras dessa crise, assim como a extensão da ideologia de gênero, a diminuição da natalidade, e o crescimento de males como as drogas, as doenças mentais e o suicídio. A crise do homem se evidenciou também no século XX, caracterizado pelas guerras mundiais e os massacres do comunismo soviético e os campos de extermínio.

“Hoje o humanismo ateu se desvaneceu. Mas o projeto de uma classe de liderança global para criar um mundo sem Deus e transformar a pessoa humana de acordo com os ditados políticos e econômicos, esse projeto ainda está muito vivo”, comentou o Arcebispo. “Neste país e em todo o Ocidente, os fiéis agora enfrentam a perseguição ‘suave’ daqueles que querem expulsar qualquer influência cristã que permaneça em nossa vida política e econômica”.

Na pretensão de construir todas as dimensões da vida à margem de Deus, o homem se faz escravo do materialismo e de suas próprias ideias, perdendo a noção de valores permanentes ou universais como a verdade ou a beleza, reduzindo tudo às opiniões ou às preferências. “O resultado final desta forma de pensar é a degradação da pessoa humana”, expôs o prelado.

A heresia de nosso tempo

“A crise da pessoa humana é uma crise da Encarnação. Cada idade tem suas heresias (…). Podemos ver estas heresias em muitas áreas de nossa vida pessoal, política e econômica. Mas a heresia subjacente à todas as demais é a rejeição da Encarnação de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”, indicou Dom Gómez, que explicou que o dogma da Encarnação expõem como Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, fazendo-se a revelação definitiva não somente de Deus, mas da verdade sobre o ser humano. “A Fé na Encarnação, tal como se desenvolveu na Idade Média e o início da Renascença, deu forma à nossa civilização no Ocidente: nas artes, na literatura, na ciência e na filosofia, e de maneira crucial, em nosso entendimento da pessoa humana e do governo. Por isso a rejeição da Encarnação está tendo consequências tão profundas. Já vemos um emergente humanismo sem Deus que está se tornando cada vez mais inumano”.

“Às vezes, acredito que estamos vivendo a tentação original da serpente no jardim, a tentação de ressentir de Deus, de duvidar de suas intenções amorosas para conosco; a tentação de querer ser deuses nós mesmos, donos de nosso próprio destino, decidindo por nós mesmos o que é bom e mau”, acrescentou o Arcebispo. “Também creio que podemos estar revendo a história de Babel, a história da primeira tentativa da humanidade por tratar de usar a razão e a tecnologia para construir uma civilização sem Deus”.

Por este motivo, os fiéis devem construir a sociedade olhando novamente para Cristo como o modelo e guia por excelência, proclamando que Jesus Cristo é o autêntico Salvador que revela o rosto de Deus e do ser humano, a quem devemos imitar, de forma que sigamos seu chamado à segui-lo, “a pensar com sua mente, a amar com seu coração, a viver com suas palavras”. A imitação de Cristo deve fazer surgir “outros Cristos” que iluminem o mundo. “Necessitamos recuperar este heroico cristianismo dos Santos, de viver profundamente os mistérios de Jesus Cristo. Este é o poder que nos chega através da Encarnação”, propôs Dom Gómez. “A verdade da Encarnação é a verdade que estamos chamados à santidade, a viver para a glória de Deus, a ser Santos em meio de nossas vidas ordinárias. Amigos, esta é a bela visão da pessoa humana que estamos chamados a proclamar em nosso tempo”. (EPC)

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